Desencadeadas por vários fatores, as disfunções hormonais geram dúvidas e preocupações nas mulheres. O que as provocam e como estabiliza-las? A diminuição ou excesso de hormônios podem causar outros problemas de saúde? Estas e outras questões são explicadas pela endocrinologista do Delboni Medicina Diagnóstica, Myrna Campagnoli.
“As insuficiências hormonais podem acontecer por uma série de motivos. Existem as causas fisiológicas, ou seja, aquelas programadas pelo organismo como, por exemplo, na menopausa e na andropausa, em que a baixa de hormônios é esperada e normal. Dentre as causas patológicas, em que há doença, a alteração pode encontra-se na glândula, no seu eixo de controle, nos órgãos-alvo ou podem ser causadas por medicamentos e outras causas externas”, explica a especialista.
A suspeita diagnóstica costuma ser feita durante a consulta médica. O especialista analisa a história da paciente, seus sinais e sintomas e confirma o quadro através das dosagens hormonais nos exames laboratoriais. Por vezes os exames de imagem (ecografia, tomografia, ressonância) também são necessários para o esclarecimento do diagnóstico e de suas possíveis causas.
Quando se trata de carência hormonal, várias podem ser as causas. Segundo Dra. Myrna, “todas as glândulas do organismo podem perder ou reduzir a sua capacidade produtiva em função de um tumor, falta de irrigação sanguínea (isquemia), trauma (acidente), cirurgia com retirada de parte ou de toda a glândula ou por medicamentos que interfiram diretamente na produção hormonal. Doenças sistêmicas, como as doenças autoimunes, podem também acometer as glândulas e diminuir a produção hormonal”.
Além desses fatores, é importante lembrar que a alimentação também influi na produção hormonal, já que a falta de alguns nutrientes podem interferir na produção de vários hormônios.
O tratamento da diminuição hormonal varia de acordo com a causa e o tipo de alteração. Geralmente, consiste na resolução da causa primária, quando for possível, seguido da reposição do hormônio que está sendo produzido de forma inadequada. Atualmente a maioria dos hormônios pode ser reposta de forma artificial, por meio de medicamentos. “Para os casos em que isso não é possível, existem outras opções que atuam diretamente no sítio de ação deste hormônio, tratando os sinais e sintomas”, afirma Dra. Myrna.
No outro extremo, observamos os excessos hormonais. O excesso hormonal pode ocorrer em virtude de causas endógenas, distúrbios de produção glandular em que os hormônios são produzidos em excesso pelo organismo, ou por causas exógenas, relacionadas ao uso indevido de medicamentos ou reposições hormonais em doses inadequadas. “Estas causas, chamadas exógenas, têm se tornado cada vez mais frequentes em virtude dos abusos realizados em nome da estética (academia e antiaging)”, revela a médica.
Dentre das causas endógenas, o excesso hormonal pode estar relacionado a tumores produtores de qualquer hormônio, a doenças sistêmicas como as doenças autoimunes, alterações, dentre outras.
Existem ainda situações em que a elevação hormonal é fisiológica. Durante a gestação, após a prática de exercícios físicos, no curso de infecções ou doenças sistêmicas graves, dentre outros fatores. “Nestes casos, a elevação dos níveis hormonais é normal e importante e não trazem prejuízo para o organismo, muito pelo contrário.”, diz.
Segundo Dra. Myrna, “na presença de níveis elevados de qualquer hormônio, independentemente da origem, há uma amplificação de todas as funções do hormônio em questão, gerando uma série de sinais e de sintomas que podem ocasionar graves prejuízos à saúde”.
Dentre as doenças causadas pelo excesso hormonal, as mais conhecidas são o hipertireoidismo (excesso de hormônios da tireoide), o hiperinsulinismo (excesso de insulina) e o hipercortisolismo (excesso de cortisol). “Entretanto, não existe nenhum hormônio que não possa apresentar esta situação”, pondera.
A médica reforça que toda e qualquer reposição hormonal deve ser sempre criteriosa e prescrita por um médico especialista e deve ser precedida de um diagnóstico confirmado e de seguimento médico regular para controle dos níveis hormonais.
De acordo com a endocrinologista, o diagnóstico também deve ser feito pela avaliação médica criteriosa e confirmado através da realização de exames complementares. O tratamento depende da origem do excesso e vai desde a suspensão da medicação em uso, se a causa for exógena, até a retirada da glândula em virtude de causas endógenas. É imprescindível o tratamento da causa primária e, em grande parte dos casos, o uso de medicamentos que inibem a produção glandular consegue controlar os sinais e sintomas.
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