Monócitos: o aumento dessas células no sangue pode ser um alerta

monócitos

Os monócitos são células do sistema imunológico, atuando na linha de frente da defesa do organismo. Presentes no sangue, eles são parte nossa imunidade inata, a primeira barreira contra invasores. 

Mesmo sendo uma pequena fração dos leucócitos (glóbulos brancos), eles são fundamentais porque identificam e eliminam patógenos, além de participarem de processos inflamatórios e de reparo de tecidos.  

Estudos recentes têm investigado a relação dos monócitos com diversas condições de saúde, desde infecções comuns até doenças crônicas. Continue a leitura para entender melhor o papel dessas células e o que significam suas alterações. 

Monócitos: qual sua função? 

Os monócitos são um tipo de glóbulo branco (ou leucócito), células do nosso sistema imunológico. Sua principal função é atuar como células de defesa, combatendo microrganismos invasores, como bactérias, vírus, fungos e parasitas.  

Eles circulam na corrente sanguínea por um curto período e, em seguida, migram para os tecidos do corpo, onde se transformam em macrófagos. 

Como macrófagos, essas células se tornam "devoradoras" de agentes estranhos, fagocitando - ou seja, englobando e digerindo - patógenos, células mortas e resíduos celulares. Essa capacidade de limpeza e defesa é vital para a manutenção da saúde. 

Além disso, os monócitos e macrófagos também estimulam a resposta imune adaptativa e contribuem para a memória imunológica. Eles ainda liberam substâncias que modulam a inflamação e a reparação de tecidos. 

 

Agendar exames

 

O que significa o parâmetro acima ou abaixo do recomendado? 

A quantidade de monócitos no sangue é avaliada por um exame de sangue chamado hemograma. Os valores de referência podem variar ligeiramente. Mas, geralmente, o normal é que representem entre 2% e 10% do total de leucócitos. Ou entre 40 a 800 células por microlitro de sangue. 

Quando os níveis de monócitos estão acima do valor de referência, a condição é conhecida como monocitose. Isso geralmente indica que o corpo está combatendo algum tipo de infecção ou inflamação.  

Já a monocitopenia, que é a diminuição dos monócitos, é menos comum. Mas pode ser um sinal de problemas na medula óssea ou de deficiência imunológica. 

Monócitos acima do normal (monocitose) 

A monocitose indica uma atividade aumentada do sistema imunológico. E as principais causas são: 

  • Infecções: bacterianas (como endocardite), virais (como mononucleose causada pelo vírus Epstein-Barr, sarampo, caxumba, rubéola, dengue), fúngicas, parasitárias e até tuberculose. Em casos de Covid-19, por exemplo, é possível observar alterações nesses níveis. 

  • Doenças inflamatórias crônicas: como doença de Crohn, retocolite ulcerativa, artrite reumatoide e lúpus. 

  • Doenças autoimunes, em que o sistema imunológico ataca tecidos saudáveis do próprio corpo. 

  • Leucemias e linfomas. 

  • Recuperação de quimioterapia: o corpo pode produzir mais monócitos como parte desse processo. 

  • Efeito colateral de alguns medicamentos. 

Monócitos abaixo do normal (monocitopenia) 

A monocitopenia é menos frequente e pode indicar: 

  • Problemas na medula óssea, já que a medula é responsável pela produção de células sanguíneas. 

  • Infecções graves, especialmente aquelas que suprimem a função da medula óssea. 

  • Quimioterapia e radioterapia, pois estes tratamentos podem diminuir a produção de células sanguíneas. 

  • Anemia aplástica, uma condição rara onde a medula óssea não produz células sanguíneas suficientes. 

  • Infecção por HIV, já que o vírus pode afetar a produção de monócitos. 

  • Deficiências imunológicas que afetam a capacidade do corpo de produzir e manter células de defesa. 

 

Vale ressaltar que apenas o hemograma não é suficiente para um diagnóstico. A interpretação dos resultados deve ser feita por um médico, que levará em conta o histórico clínico, outros exames e os sintomas relatados pelo paciente. 

Monócitos alterados: quais os principais sintomas? 

Os sintomas de monócitos alterados não são específicos da alteração em si, mas sim da condição que está causando essa alteração. Ou seja, se os monócitos estão altos devido a uma infecção, os sintomas serão os da infecção. Se estão baixos por causa de um problema na medula óssea, os sintomas serão relacionados a essa condição. 

Sintomas associados à monocitose (monócitos altos) 

Como a monocitose frequentemente indica infecção ou inflamação, os sintomas mais comuns são: 

  • Febre; 

  • Cansaço excessivo e persistente; 

  • Dores musculares e articulares; 

  • Inchaço dos gânglios linfáticos, especialmente no pescoço, axilas e virilha; 

  • Perda de peso significativa e sem causa aparente, em casos de infecções crônicas ou doenças mais graves; 

  • Sudorese noturna, principalmente em infecções ou condições mais sérias; 

  • Sintomas específicos do tipo de infecção, que podem ser tosse, dor de garganta, diarreia, dor abdominal, entre outros. 

 
Sintomas associados à monocitopenia (monócitos baixos) 

A monocitopenia pode tornar o corpo mais suscetível a infecções, e os sintomas podem ser: 

  • Infecções frequentes, já que o corpo tem dificuldade em combater patógenos. 

  • Infecções mais graves ou prolongadas, devido à deficiência na resposta imunológica. 

  • Febre recorrente, mesmo sem um foco infeccioso aparente. 

  • Cansaço extremo relacionado à anemia ou à própria condição que causa a monocitopenia. 

É fundamental que qualquer sintoma persistente ou preocupante seja avaliado por um médico. 

Qual tratamento para monócitos altos? 

O tratamento para monócitos altos (monocitose) foca na causa subjacente da alteração. Como a monocitose é um indicativo de que o corpo está lutando contra algo, a terapia visa eliminar o agente causador ou controlar a condição inflamatória.  
 
Se a monocitose for causada por uma infecção bacteriana, o tratamento pode incluir antibióticos. Para infecções virais, como a mononucleose, o foco é no alívio dos sintomas, já que não há tratamento específico para a maioria dos vírus. Já para outras infecções (fúngicas ou parasitárias), medicamentos específicos serão prescritos. 

No caso de doenças inflamatórias e autoimunes, o tratamento envolve o controle da inflamação e a modulação da resposta imunológica, o que pode incluir medicamentos anti-inflamatórios, imunossupressores ou biológicos. 

Já em casos de leucemias ou linfomas, o tratamento será específico para o tipo e estágio da doença, podendo incluir quimioterapia, radioterapia, transplante de medula óssea, entre outros. 

E para o valor de referência com monócitos baixos? 

O tratamento para monócitos baixos (monocitopenia) também depende da causa. Como a monocitopenia pode indicar problemas na produção de células sanguíneas ou uma imunodeficiência, o objetivo é corrigir ou gerenciar a condição de base. 

Se a medula óssea não estiver produzindo monócitos adequadamente, por exemplo, o médico pode usar fatores de crescimento para estimular a produção de células sanguíneas, ou, em casos mais graves, um transplante de medula óssea.  

No caso de doenças do sistema imunológico, o tratamento será direcionado à condição específica, visando fortalecer ou modular o sistema imunológico. Assim como infecções graves devem ser tratadas e, em alguns casos, pode ser necessário suporte para o sistema imunológico enquanto o corpo se recupera. 

Se a monocitopenia for um efeito colateral de medicamentos, o médico pode ajustar a dose ou considerar a substituição do medicamento, se possível. 

Como controlar os níveis de monócitos no organismo 

Controlar os níveis de monócitos no organismo significa, na verdade, controlar a saúde geral e tratar as condições que podem levar às suas alterações. Não existe uma dieta ou um medicamento específico para "normalizar" os monócitos. O que pode ser feito é adotar um estilo de vida saudável - que contribui para o sistema imunológico -, controlar doenças de base e procurar atendimento médico sempre que necessário.

 

Agendar exames

 

Fonte: Dra. Lucilene Rodrigues - Patologista clínica