Sintomas de Câncer Cervical (Colo do Útero): Diagnóstico, Exames e Tratamentos

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O câncer de colo do útero, também conhecido como câncer cervical, é uma das formas mais comuns de câncer entre as mulheres, com 662.301 novos casos registrados em todo o mundo em 2022. Por isso, a importância da detecção precoce e do monitoramento contínuo da saúde ginecológica: na maioria das vezes, esse tipo de câncer é assintomático. E, em outros casos, os sintomas de câncer cervical podem ser discretos nas fases iniciais. 

Câncer de Colo do Útero: O que é e Como se Desenvolve?

O câncer do colo do útero, ou câncer do colo uterino, é o que mais mata mulheres até os 36 anos de idade, e o segundo em mulheres até os 60 anos de idade.

Também conhecido como câncer cervical, ele afeta a região do colo do útero, que está próximo da cavidade vaginal. Caracteriza-se pelo crescimento anormal e descontrolado das células nessa área. Uma das principais características dessa doença é seu desenvolvimento lento, podendo levar vários anos para se transformar de estágios iniciais, em um câncer invasivo. 

Esse tipo de câncer está associado a diversos fatores de risco, sendo o principal a infecção persistente por HPV (Vírus do papiloma humano), especialmente pelos tipos 16, 18, 31 e 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58 e 59, todos são de alto risco, o 16 responsável por 50 a 60% e o 18, responsável por 10 a 15% dos cânceres; que são transmitidos principalmente por contato sexual.  

Outros fatores, como o início precoce da atividade sexual, múltiplos parceiros e o histórico sexual de parceiros com múltiplos companheiros, também aumentam a exposição ao vírus.  
 
O tabagismo é outro fator relevante, pois mulheres fumantes têm o dobro de chances de desenvolver a doença em relação às não fumantes. 

Além disso, um sistema imunológico enfraquecido pode aumentar a vulnerabilidade, como em casos de HIV/AIDS ou no uso de medicamentos imunossupressores. O uso prolongado de contraceptivos orais (mais de 5 anos) também pode aumentar o risco, embora esse fator diminua após a interrupção do uso.  

Vale ainda mencionar que mulheres que tiveram múltiplas gestações, especialmente três ou mais filhos, estão mais propensas a desenvolver o câncer cervical.  

Importante ressaltar que os fatores mencionados acima são fatores de risco, o que não significa que pessoas nessas circunstâncias vão desenvolver câncer. 

A faixa etária mais comum para o câncer do colo uterino é entre 30 e 49 anos. A incidência aumenta significativamente a partir dos 30 anos, com um pico entre 45 e 49. Embora ele possa ocorrer em mulheres mais jovens como em mulheres mais velhas. 

Sendo assim, a detecção precoce, por meio de exames de rastreamento como Papanicolau, é crucial para identificar lesões na fase inicial e reduzir a mortalidade associada a essa neoplasia. 

 

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Tipos de câncer cervical

Existem dois tipos principais de câncer de colo do útero, que se diferenciam pelo tipo de célula onde o tumor se origina. O mais comum é o carcinoma de células escamosas, também chamado de carcinoma espinocelular, que responde por cerca de 80% a 90% dos casos. Esse tipo de câncer se forma no epitélio escamoso, a camada de células que recobre o colo do útero.

O outro tipo é o adenocarcinoma, mais raro, representando entre 10% e 20% dos casos. Ele se origina no epitélio glandular, sendo o tecido responsável pela produção de muco no colo do útero.

Embora esses tipos sejam os mais frequentes e tenham características distintas, ambos exigem acompanhamento médico para diagnóstico e tratamento precoces.

Causas do câncer cervical

O principal responsável pelo câncer de colo do útero é o HPV, que é transmitido principalmente por contato sexual. Embora a maioria das pessoas entre em contato com o vírus em algum momento da vida, o sistema imunológico geralmente consegue eliminá-lo de forma natural. No entanto, em alguns casos, a infecção por tipos específicos de HPV pode persistir, causando lesões no colo do útero. Se essas lesões não forem tratadas, elas podem evoluir para o câncer cervical.

Sintomas de Câncer no Colo do Útero: Sinais de Alerta

Inicialmente, não há sintomas de câncer cervical devido ao seu desenvolvimento lento. Quando em estágio mais avançado, podem surgir: 

  • Sangramentos vaginais irregulares ou após relações sexuais. 

  • Secreção vaginal anormal. 

  • Dor abdominal, frequentemente acompanhada de problemas urinários ou intestinais. 

Exame Citopatológico do Colo do Útero: Para que Serve?

O Papanicolau, também conhecido como exame citopatológico do colo do útero, é um procedimento ginecológico simples, rápido e geralmente indolor, essencial para a saúde da mulher. Nele, há coleta de células do colo uterino e vagina usando uma espátula e uma escovinha, visando analisar essas células em laboratório. 

Sua principal função é identificar problemas em estágios iniciais, possibilitando tratamentos eficazes e prevenindo o avanço para o câncer. Para a realização da coleta da citologia de Papanicolau, é importante fazer um preparo específico: 

  • Evitar relações sexuais nas 72 horas anteriores ao exame;  

  • Não usar duchas higiênicas, cremes ou lubrificantes; 

  • Não estar menstruada.  

Além disso, mulheres com ressecamento vaginal devem fazer um preparo com hidratação prévia antes de fazer o exame para que a amostra não seja insatisfatória. 

Trata-se de um exame a ser feito regularmente a partir dos 21 anos, ou conforme orientação médica, para garantir a detecção precoce de qualquer alteração no colo do útero. De qualquer forma, cada caso deve ser individualizado. Ao ir ao médico e fazer o exame clínico, o médico vai pedir os exames necessários para cada caso. 

Biópsia do Colo do Útero: Quando é Necessária?

Quando o exame de citologia de Papanicolau estiver alterado, o médico irá encaminhar o paciente para o exame de colposcopia. Com ele, é possível visualizar a vagina e o colo uterino, por meio de um aparelho chamado colposcópio, que funciona como uma lente de aumento. 
 
Com o uso de reagentes específicos, é possível identificar lesões causadas pelo HPV e, se necessário, realizar uma biópsia para análise mais precisa. A finalidade é verificar as lesões pré-cancerígenas, que são perfeitamente tratáveis e fazer o acompanhamento. 

É importante ressaltar que o HPV não é sinônimo de câncer. Ele pode ser um precursor. Por isso é importante identificar as lesões pré-cancerígenas para evitar o câncer do colo uterino. 

Entre os tipos de biópsia realizados no colo do útero, está a curetagem do canal endocervical. Esse canal localiza-se dentro do orifício do colo uterino, por onde ocorre a saída da menstruação. O procedimento é indicado quando são observadas alterações celulares específicas nessa região e é realizado com o auxílio de uma pinça chamada cureta. 

Outro procedimento utilizado é a conização, que consiste na retirada de uma porção do tecido do colo do útero em formato de cone para definição diagnóstica e tratamento em algumas alterações celulares específicas. 

Tratamentos para câncer cervical

O tratamento para o câncer cervical varia conforme o estágio da doença e pode envolver diferentes abordagens. A cirurgia é uma das opções, e visa a remoção do tecido canceroso, podendo ser desde a conização (retirada de uma pequena área do colo do útero) até a realização de uma histerectomia, que consiste na remoção do útero.  

A radioterapia também pode ser indicada, utilizando radiação para destruir as células cancerígenas ou impedir seu crescimento, e pode ser combinada com outros tratamentos. Já a quimioterapia, que utilizaria medicamentos para matar as células cancerígenas ou bloquear seu desenvolvimento, é mais comum em estágios avançados da doença.  

Por fim, a imunoterapia é uma abordagem mais recente, que utiliza medicamentos para ativar o sistema imunológico e fazer com que ele reconheça e combata as células cancerígenas de forma mais direcionada.  
 

Vale destacar que cada uma dessas opções será escolhida conforme a avaliação do médico, levando em consideração o estágio do câncer e as necessidades individuais de cada paciente. 

Tumor no colo do útero: diferença entre benigno e maligno

Os tumores benignos no colo do útero, também chamados de miomas ou fibromas, são tumores não cancerígenos que se desenvolvem no útero. Com um crescimento lento, podem surgir em algumas regiões específicas do útero, como na parte interna da cavidade uterina (submucosos), dentro da parede do útero (intramurais) ou na sua superfície externa (subserosos). 

Esses tumores costumam aparecer durante a fase reprodutiva da mulher, período em que os níveis de estrogênio estão mais elevados. Após a menopausa, é comum diminuírem de tamanho. 

Geralmente, os tumores benignos não apresentam muitas complicações, mas alguns podem causar cólicas intensas durante a menstruação, pequenos sangramentos e exercer pressão sobre a bexiga, gerando desconforto.  

Já os tumores malignos no colo do útero têm um crescimento acelerado, podendo se espalhar para outros tecidos e partes do corpo. 
 
Os tumores malignos mais comuns no colo do útero estão fortemente ligados à infecção pelo HPV. Entre eles, destacam-se o carcinoma epidermoide, responsável por cerca de 80% dos casos, e o adenocarcinoma, que corresponde a aproximadamente 20%. A melhor forma de identificar o tumor maligno de forma precoce é por meio da avaliação ginecológica e dos exames de colposcopia e o Papanicolau. 

Qual médico procurar?

Para o diagnóstico e acompanhamento do câncer de colo do útero, deve-se procurar um ginecologista. Caso o câncer seja confirmado, o tratamento será conduzido por um oncologista ginecológico, especializado no tratamento do sistema reprodutor feminino. 

Prevenção do câncer cervical

A principal forma de prevenção do câncer cervical é a vacinação contra o HPV, principal responsável pelas alterações que podem levar ao desenvolvimento do câncer.  
 
A vacina nonavalente é recomendada para pessoas de ambos os sexos entre 9 e 45 anos, e quanto maior a adesão à vacinação, menor o risco de contrair a doença, que já foi uma das maiores causas de morte entre mulheres. Quanto mais cedo, melhor é a resposta imunológica da vacina. No entanto, a vacinação pode ser indicada em outras faixas etárias, inclusive após os 45 anos, de acordo com cada caso. 
 
Além da vacina, o uso do preservativo em todas as relações sexuais é essencial para evitar o HPV e outras ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis).

 

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Fonte: Dra. Maria dos Anjos Neves Sampaio Chaves - Ginecologista