Por Dra. Marcelly Quirino
Psicóloga
O Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) afeta cerca de 264 milhões de pessoas em todo o mundo e está entre os motivos mais frequentes que necessitam de consultas médicas.
É comum se sentir ansioso com situações do dia a dia, como em um evento importante, durante uma entrevista de emprego, um encontro, dentro outros, porém, quando esses sintomas afetam a qualidade de vida, devemos investigar possíveis casos de TAG e iniciar o tratamento.
O QUE É TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA?
A ansiedade e o medo são experiências comuns do nosso cotidiano e nem sempre estão atreladas a algum tipo de transtorno ou doença.
Estas são condições essenciais e naturais da vida humana, responsáveis por preparar o indivíduo para situações de ameaça e perigo.
Em alguns casos, no entanto, um indivíduo pode apresentar ansiedade ou medo de forma desproporcional em situações nas quais não esteja adaptado. Muitas vezes, isso se mantém de modo persistente e elevado, levando prejuízo ao organismo e caracterizando os transtornos de ansiedade.
Então, quando esse medo, angústia ou ansiedade se tornam algo exacerbado que paralisa e prejudica a qualidade de vida do indivíduo, podemos nomear de transtorno de ansiedade.
O QUE LEVA UMA PESSOA A DESENVOLVER TRANSTORNO DE ANSIEDADE?
São diversos fatores que levam uma pessoa a desenvolver o TAG, entre eles podemos citar causas genéticas, hereditárias, fatores ambientais e comportamentais.
A condição pode acometer tanto crianças quanto adultos, devendo-se realizar uma investigação clínica individualizada para compreensão do fator desencadeante.
QUAIS OS SINTOMAS DE ANSIEDADE GENERALIZADA?
Primeiramente, é necessário esclarecer que esses sintomas que aparecem durante o TAG são desproporcionais à situação que está ocorrendo. Portanto, é importante se atentar à intensidade e frequência dos sintomas e como eles afetam vida da pessoa.
Os sintomas mais comuns são:
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Inquietação;
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Sensação de estar com os nervos a flor da pele;
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Fadiga;
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Dificuldade de concentração;
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Sensação de esquecimento;
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Irritabilidade frequente;
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Tensão muscular;
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Perturbação do sono;
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Sudorese excessiva;
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Disfunção sexual;
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Disfunção gastrointestinal.
É POSSÍVEL LIDAR COM TAG SEM MEDICAÇÃO?
É importante informar que o paciente com TAG, na maioria das vezes, não tem a percepção do que realmente tenha. Em alguns casos, a frequência dos sintomas é tão grande que se entende como algo da personalidade da pessoa.
Quando essa condição interfere nas relações sociais, familiares ou no trabalho, por exemplo, a dificuldade de controlar as preocupações é enorme, o que se torna um sofrimento para aquele indivíduo.
Uma das formas de conduzir a doença é por meio da psicoterapia, indicando-se a terapia cognitiva comportamental. Nesta, são ensinadas técnicas de respiração, autoconhecimento dos pensamentos, crenças, além da compreensão de quais são os gatilhos que podem desencadear uma crise e análise dos pensamentos negativos e automáticos. O uso de medicações deve ser avaliado caso a caso pelo profissional que está acompanhando o quadro.
QUAL A DIFERENÇA ENTRE TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA E SÍNDROME DO PÂNICO?
Para fazer a diferenciação entre essas doenças, é necessário auxílio profissional de um especialista. A síndrome do pânico tem relação com a intensidade e duração dos sintomas, além da imprevisibilidade das crises. Estas não apresentam motivo específico nem horário e podem ocorrer de forma mais frequente. Podem ocorrer também sensações relacionadas à morte com repetição desses pensamentos destrutivos. Já na ansiedade, tem-se uma razão mais concreta, podendo-se detectar o agente desencadeador do quadro ansioso.
Os sintomas considerados comuns que podem representar uma crise de pânico, são: ataque cardíaco, suor frio, boca seca, enjoo, evitação de atividades, formigamento e ondas de frio ou calor. Além disso, em comparação ao quadro de ansiedade, o corpo, durante a síndrome do pânico, demora mais tempo para retornar ao estado anterior devido a carga liberada de adrenalina.
COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO DE ANSIEDADE GENERALIZADA?
Hoje em dia, com os avanços da internet e tecnologia, as pessoas costumam realizar buscas superficiais em sites, mas é importante ressaltar que o diagnóstico só pode ser feito em conjunto com profissionais de psicologia e psiquiatria.
É realizada uma avaliação clínica aprofundada, responsável por diferenciar o que é uma ansiedade ou um medo dentro dos padrões de normalidade e o que é um caso de síndrome do pânico ou ansiedade, levando em consideração a frequência dos sintomas apresentados.
Normalmente, há uma percepção de disfuncionalidade e comprometimento da qualidade de vida do indivíduo com os sintomas apresentados ao longo de pelo menos 6 meses. Seguindo critérios estabelecidos na literatura, é possível realizar o diagnóstico da doença.
QUAIS OS TIPOS DE TRATAMENTO MAIS ADEQUADOS APÓS O DIAGNÓSTICO?
Os tratamentos irão depender da intensidade e do nível dos sintomas de cada paciente. Pode ser indicada a psicoterapia com abordagem na cognitiva comportamental, associada ou não à prescrição de medicamentos. É importante que a família também seja psicoeducada, ou seja, receba orientação para acolher o paciente e traçar o melhor plano terapêutico de cuidado para aquele ente querido, tornando-se uma ponte de ajuda e suporte no processo de tratamento.
A definição da necessidade de medicação e qual será a melhor droga depende do dano que acontece no cotidiano da pessoa, de como ela reage, dos sintomas de ansiedade que apresenta, ou seja, cada pessoa será tratada de acordo com as suas necessidades e não é possível uma generalização.
O QUE FAZER NO MOMENTO DE UMA CRISE DE ANSIEDADE?
No momento de uma crise de ansiedade, o indivíduo pode imaginar que está apresentando sintomas relacionados a infarto agudo do miocárdio ou até mesmo ter sensação de morte. Essa sintomatologia leva muitas vezes a procura por atendimentos em emergências médicas dado o grau de desconforto apresentado. Alguns exames são realizados, esclarecendo-se tratar de um quadro exacerbado de ansiedade.
São recomendados alguns procedimentos durante os sintomas de ansiedade, visando abrandar ou conter uma crise:
- Respirar fundo;
- Fazer exercícios de respiração, imaginando como se tivesse apagando velas num candelabro, respirando pelo nariz e soltando pela boca lentamente;
- Prestar atenção nos pensamentos que podem ser negativos, pessimistas, destrutivos e distorcidos;
- Racionalizar os pensamentos dentro daqueles que fazem sentidos e dos que são da imaginação;
- Conversar com pessoas de confiança que podem ser sua ponte a apoio naquele momento.
Em alguns casos, é necessário utilizar medicamentos emergenciais para controlar essas crises, sempre com prescrição médica.