
A trombose venosa e sua principal complicação, a embolia pulmonar, são um problema de saúde sério no Brasil. Juntas, elas são responsáveis por uma média de 165 internações por dia em hospitais do país. O dado é da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV), referente ao ano de 2023.
A condição pode ser grave, mas existem tratamentos cada vez mais eficazes. As estratégias para combater a doença vão desde novos anticoagulantes de uso diário até técnicas modernas, como a infusão de medicamento.
Entender o que é a doença, seus sinais e, principalmente, como se cuidar, faz toda a diferença. Siga a leitura e esclareça suas dúvidas sobre a trombose venosa.
O que é trombose venosa?
A trombose venosa é a formação de um coágulo de sangue – chamado de trombo - dentro de uma veia. Esse trombo bloqueia ou dificulta a passagem do sangue naquela região do corpo.
O maior perigo acontece quando um pedaço desse coágulo se solta. Ele pode viajar pela corrente sanguínea e parar nos pulmões, causando a embolia pulmonar. Essa é uma complicação grave e que pode ser fatal.
A formação do trombo geralmente acontece por uma combinação de fatores. Por exemplo: o fluxo de sangue na veia pode ficar mais lento, a parede do vaso pode sofrer alguma lesão ou o próprio sangue pode ter uma tendência maior a coagular.
Quais os tipos de trombose venosa?
A trombose venosa é classificada de acordo com a veia afetada. Sendo assim, os principais tipos são a trombose venosa profunda, a superficial e a renal.
Trombose venosa profunda
A trombose venosa profunda (TVP) é a forma mais conhecida da doença. Ela acontece quando o coágulo de sangue se forma em uma das veias profundas do corpo. Aquelas que ficam abaixo da superfície dos músculos, que não podem ser vistas ou sentidas através da pele. Geralmente, as veias das pernas, coxas e da pelve são as mais atingidas.
Este tipo de trombose exige mais atenção. Isso porque as veias profundas são maiores e o risco de um coágulo se desprender e causar uma embolia pulmonar é mais elevado. A TVP é a principal causa dessa complicação grave.
Trombose venosa superficial
A trombose venosa superficial, também chamada de tromboflebite, afeta as veias mais próximas da pele. É comum que ela aconteça em pessoas que já têm varizes. Nestes casos, a veia afetada pode ficar endurecida, formando um "cordão" sensível sob a pele.
Frequentemente, ela é causada pela inserção de cateteres ou pela aplicação de medicamentos intravenosos. Embora seja menos grave que a TVP, ela precisa de acompanhamento médico. Em alguns casos, especialmente se o coágulo estiver perto da junção com uma veia profunda, o risco de complicações aumenta.
Trombose venosa renal
A trombose venosa renal é o bloqueio da veia principal do rim por um coágulo. Isso impede que o sangue seja drenado corretamente do órgão, o que pode levar a danos renais sérios e até à perda da função do rim.
Em adultos, a causa mais comum é a síndrome nefrótica, uma condição em que o rim perde muita proteína e aumenta a tendência de coagulação. Os sintomas podem surgir de repente, com dor forte nas costas (flancos), febre e presença de sangue na urina.
Quais os principais sintomas?
Os sintomas mais comuns da trombose venosa costumam aparecer nas pernas: dor, vermelhidão e inchaço em apenas uma das pernas. Além disso, a região pode ficar mais quente que o resto do corpo.
Mas vale prestar atenção a outros sinais que podem indicar o problema:
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Sensação de peso ou cansaço na perna afetada;
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Rigidez e dor na panturrilha, a "batata da perna";
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Veias que ficam mais visíveis, dilatadas e endurecidas;
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Alteração na cor da pele, que pode ficar com um tom azulado ou roxo.
Vale mencionar que quase metade das pessoas com trombose venosa profunda não apresenta sintoma algum. Por isso, é preciso conhecer os fatores de risco e buscar um médico ao menor sinal.
Quais são os principais fatores de risco?
Algumas situações e condições aumentam a chance de uma pessoa desenvolver trombose venosa. A imobilidade prolongada é um dos fatores mais conhecidos, pois quando o corpo fica parado, o fluxo sanguíneo nas pernas diminui, facilitando a formação de coágulos.
São fatores de risco conhecidos:
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Idade: O risco aumenta após os 40 anos.
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Histórico familiar ou pessoal: ter tido trombose antes ou ter parentes de primeiro grau com a doença.
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Cirurgias e lesões: procedimentos cirúrgicos longos, especialmente os ortopédicos e oncológicos, e fraturas graves nas pernas.
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Imobilidade: repouso prolongado na cama, viagens longas (particularmente aéreas) ou paralisia.
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Câncer: a doença e seus tratamentos, como a quimioterapia, aumentam a tendência de coagulação.
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Gravidez e pós-parto: as alterações hormonais e a compressão das veias pelo útero elevam o risco.
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Uso de hormônios: contraceptivos orais ou terapia de reposição hormonal.
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Obesidade: o excesso de peso sobrecarrega o sistema circulatório.
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Tabagismo: o cigarro danifica a parede dos vasos sanguíneos.
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Trombofilias: condições genéticas ou adquiridas que fazem o sangue coagular mais facilmente.
Como prevenir a trombose venosa?
Manter o corpo ativo e o sangue circulando bem diminui o risco de formação de coágulos. Isso significa não só praticar atividade física regularmente, mas também evitar ficar muito tempo parado na mesma posição, seja sentado ou em pé. Se o seu trabalho exige isso, faça pausas para caminhar um pouco.
Além disso, é importante controlar o peso. Manter-se em uma faixa de peso saudável ajuda a circulação. Cuidar da hidratação - principalmente com água - ajuda a manter o sangue mais fluido. E não fume, já que o cigarro é inimigo da saúde vascular.
Meias de compressão podem ser indicadas por um médico, especialmente para quem tem insuficiência venosa ou vai passar por cirurgias. Em viagens de ônibus ou voos mais longos, levante-se a cada hora para caminhar e movimente os pés e tornozelos enquanto estiver sentado.
Qual exame é indicado para detectar trombose venosa?
O principal exame para confirmar a suspeita de trombose venosa é a ultrassonografia com Doppler. Ele é um tipo de ultrassom que consegue avaliar o fluxo de sangue dentro das veias. Com ele, o médico consegue visualizar o coágulo, seu tamanho e a exata localização. É um exame rápido, indolor e que não utiliza radiação.
Dependendo do caso, o médico pode solicitar outros exames para complementar o diagnóstico ou investigar as causas da trombose, como os indicados a seguir.
Exame de sangue (Dímero-D)
O Dímero-D mede um fragmento de proteína que o corpo produz ao dissolver um coágulo. Se o resultado for baixo, as chances de haver uma trombose são pequenas. Se for alto, a avaliação clínica adicionada de outros exames complementares pode auxiliar no diagnóstico, já que outras condições podem elevar as concentrações de D-dímero.
Exames genéticos
Quando há casos repetidos de trombose na família ou a doença acontece em uma pessoa jovem sem causa aparente, o médico pode investigar condições genéticas que aumentam o risco de trombose.
Um desses exames é a pesquisa do Fator V de Leiden, uma mutação que é a causa hereditária mais comum de trombose. Outro é a análise da mutação g20210a protrombina, que também identifica uma alteração genética que aumenta o risco de formar coágulos.
Importante lembrar que os testes genéticos devem ser solicitados e interpretados levando-se em consideração o contexto clínico.
Angiografia por tomografia ou ressonância
São exames de imagem mais detalhados. Eles costumam ser solicitados para investigar suspeitas de trombose em veias do abdômen, como a veia renal, ou para o diagnóstico de embolia pulmonar.
Como é o tratamento para essa doença?
O tratamento mais comum para a trombose venosa é feito com o uso de medicamentos anticoagulantes. Eles são popularmente conhecidos como “afinadores de sangue”. Eles evitam que o coágulo já formado aumente de tamanho e, principalmente, impedem que novos coágulos se formem.
Os anticoagulantes podem ser administrados como comprimidos de uso oral ou injeções subcutâneas. Mas, em casos específicos e sempre com indicação médica, o tratamento pode incluir a infusão de medicamentos, como a enoxaparina sódica.
Além dos anticoagulantes, outras abordagens podem ser necessárias, dependendo da gravidade e localização do trombo:
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Medicamentos trombolíticos: mais potentes, são usados para dissolver rapidamente os coágulos. Seu uso é reservado para os casos mais graves, como em uma embolia pulmonar extensa, pois o risco de sangramento é maior. São feitos no ambiente hospitalar.
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Filtro de veia cava: em situações raras, quando o paciente não pode usar anticoagulantes ou mesmo com o tratamento continua formando coágulos, um pequeno filtro pode ser implantado. Ele é colocado dentro da maior veia do abdômen e funciona como uma barreira física, impedindo que trombos das pernas cheguem aos pulmões.
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Procedimentos minimamente invasivos: em casos selecionados de trombose extensa, o médico pode realizar um procedimento para remover mecanicamente o coágulo ou implantar um stent (uma pequena malha de metal) para manter a veia aberta.
Infusão de medicamentos: como é usada em casos de TVP
A infusão de medicamentos é uma forma de tratamento que permite a administração controlada de substâncias diretamente no corpo. Essa aplicação pode ser feita na corrente sanguínea, no músculo ou sob a pele. O objetivo é garantir que o medicamento seja absorvido de forma rápida e eficaz.
Ela é indicada em casos que exigem ação imediata, como infecções graves, crises agudas ou no tratamento e prevenção da trombose venosa.
Na prevenção, é indicada em situações de alto risco de formação de coágulos, em pacientes acamados ou com câncer. Já no tratamento, ajuda a impedir que o coágulo cresça, reduzindo o risco de complicações como a embolia pulmonar.
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Fonte: Dr. Wagner Iared - Médico radiologista