
Você sabia que a vacina contra o sarampo salva cinco vidas a cada minuto no mundo? O dado é da Organização Mundial da Saúde (OMS). Depois de um surto em 2019, com mais de 20 mil infectados, o Brasil conseguiu recuperar o certificado de país livre da circulação do vírus em 2024.
Mas o risco continua presente. Em 2025, o Ministério da Saúde já registrou 24 casos da doença no país, a maioria concentrada no estado de Tocantins. Os números mostram que, sem a vacinação em dia, o vírus importado de outros países pode facilmente iniciar novos surtos por aqui.
O que é sarampo?
O sarampo é uma doença infecciosa grave causado por um vírus da família Paramyxoviridae. A infecção é extremamente contagiosa e afeta principalmente crianças - mas não só elas, sendo uma das principais causas de mortalidade infantil no mundo.
A doença é tão contagiosa que uma pessoa infectada pode transmitir o vírus para até 90% das pessoas próximas que não tenham imunidade.
Mas o sarampo é totalmente prevenível por meio da vacinação. E quem já teve a doença uma vez também desenvolve imunidade duradoura.
Como ocorre a transmissão do sarampo?
Na maioria dos casos, a pessoa infectada espalha o vírus ao tossir, espirrar ou falar. Essas gotículas de saliva ficam suspensas no ar e outras pessoas se contaminam ao respirar essas gotículas.
Vale lembrar que o vírus pode permanecer ativo por algumas horas no ambiente. Por isso, a doença se espalha rapidamente em locais fechados, como escolas e creches.
O período de maior contágio começa um pouco antes do aparecimento das manchas na pele e dura até alguns dias depois.
Quais são os sintomas do sarampo?
Os primeiros sintomas do sarampo são febre alta, tosse persistente e irritação nos olhos. Também é comum a pessoas ter coriza e um mal-estar intenso. Esses sinais iniciais podem ser facilmente confundidos com os de um resfriado ou gripe forte.
Depois de alguns dias, surgem as famosas manchas vermelhas na pele. Elas geralmente começam no rosto e atrás das orelhas. Em seguida, espalham-se por todo o corpo.
Outro sinal característico são pequenas manchas brancas dentro da boca, conhecidas como manchas de Koplik. Elas costumam aparecer um ou dois dias antes das lesões na pele.
Sinais comuns
Os sintomas do sarampo costumam aparecer em uma ordem específica, e essa progressão dura cerca de 10 dias.
-
Primeiros sinais (dias 1 a 4): febre alta (geralmente acima de 38,5°C), acompanhada de tosse seca, coriza e conjuntivite (olhos vermelhos e lacrimejando).
-
Sinal de alerta na boca (dias 4 a 5): podem surgir as manchas de Koplik, pequenos pontos brancos no interior das bochechas.
-
Manchas na pele (a partir do dia 5): surgem as manchas vermelhas que começam no rosto e atrás das orelhas e, em seguida, espalham-se pelo pescoço, tronco, braços e pernas.
Possíveis complicações
O sarampo enfraquece o sistema de defesa do corpo, e isso abre caminho para outras infecções. As complicações são mais comuns em crianças menores de cinco anos e em adultos com alguma condição de imunossupressão. A desnutrição e a falta de vitamina A também aumentam o risco.
Entre as complicações mais frequentes estão infecções de ouvido (otite média), diarreia e pneumonia. A pneumonia é a principal causa de morte por sarampo em crianças pequenas.
Além disso, complicações neurológicas também podem acontecer, embora sejam mais raras.
Quem pode pegar sarampo?
Qualquer pessoa que não tenha sido vacinada pode pegar sarampo. O mesmo vale para quem não teve a doença no passado. O vírus é tão contagioso que a imunidade é a única barreira eficaz.
Bebês com menos de um ano são especialmente suscetíveis. Isso porque eles ainda não completaram o esquema vacinal básico, dependendo da imunidade passada pela mãe e da proteção coletiva.
Adultos nascidos depois de 1960 que não se vacinaram ou não tiveram a doença também formam um grupo de risco importante.
Qual exame confirma o diagnóstico?
O diagnóstico do sarampo começa com a presença de sintomas clássicos, como febre, tosse e as manchas na pele, levanta a suspeita. As manchas de Koplik na boca são um forte indicativo da doença.
Para confirmar a infecção, o médico solicita um exame de sangue que busca por anticorpos específicos para o vírus do sarampo. A presença de anticorpos do tipo IgM indica uma infecção ativa e recente.
A doença é de notificação compulsória, ou seja, todo caso suspeito deve ser comunicado às autoridades de saúde.
Qual o tratamento recomendado para o sarampo?
Não existe um tratamento específico para eliminar o vírus do sarampo. O corpo precisa combater a infecção sozinho. Por isso, o tratamento é para melhorar os sintomas e prevenir o surgimento de complicações mais graves. E isso geralmente inclui repouso, hidratação e medicamentos para a febre.
É importante que o paciente evite o contato com outras pessoas para não espalhar o vírus.
Cuidados gerais
Alguns cuidados em casa ajudam na recuperação do paciente. Ter atenção redobrada à hidratação é fundamental. Oferecer líquidos como água, sucos e chás ajuda a evitar a desidratação causada pela febre.
O paciente também deve fazer repouso e limpar os olhos com água morna ou soro fisiológico para aliviar a irritação da conjuntivite. Além disso, manter o ambiente arejado e com pouca luz ajuda a diminuir o desconforto nos olhos.
Tratamentos para crianças
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a suplementação de vitamina A para todas as crianças diagnosticadas com sarampo. A vitamina ajuda a proteger os olhos e a reduzir o risco de complicações graves e de morte.
A suplementação deve ser administrada em duas doses, com um intervalo de 24 horas entre elas. A medida é indicada principalmente para crianças que vivem em locais com deficiência de vitamina A. No Brasil, a recomendação é seguida pelo Ministério da Saúde.
Casos graves
Pacientes com sinais de gravidade precisam de internação hospitalar. E isso inclui dificuldade para respirar, que pode indicar pneumonia, ou alterações neurológicas.
Bebês, crianças desnutridas e pessoas com imunidade baixa têm maior risco de desenvolver quadros graves.
No hospital, o paciente recebe suporte para manter a hidratação e a oxigenação. Se houver infecções bacterianas secundárias, como pneumonia ou otite, o tratamento é feito com antibióticos.
Quem já teve pode pegar novamente?
Não. Quem teve sarampo uma vez desenvolve imunidade permanente. O sistema de defesa do corpo cria uma memória contra o vírus. E, se a pessoa for exposta ao vírus novamente no futuro, seu corpo saberá como combatê-lo de forma rápida e eficaz.
A mesma lógica se aplica à vacinação, que ensina o organismo a se defender sem precisar ficar doente.
Quais complicações e sequelas do sarampo?
A pneumonia é uma das mais comuns e perigosas e a otite média aguda também é frequente e pode levar à perda de audição.
Uma complicação rara, mas devastadora, é a panencefalite esclerosante subaguda (PEES). Ela é uma doença degenerativa do cérebro que se manifesta anos após a infecção por sarampo. A PEES não tem cura e é fatal.
Vale reforçar: a vacinação é a única forma de evitar essa e outras sequelas graves.
Como se prevenir?
A única forma de se prevenir contra o sarampo é a vacinação. A vacina é segura, altamente eficaz e está disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS).
Manter a carteira de vacinação em dia é um ato de proteção individual e coletiva. Quando a maior parte da população está vacinada, cria-se a chamada "imunidade de rebanho". E isso ajuda a proteger quem não pode se vacinar, como bebês muito pequenos ou pessoas com problemas de saúde.
Qual a vacina contra o sarampo?
A vacina que protege contra o sarampo é uma vacina combinada, que imuniza contra outras doenças ao mesmo tempo. A versão mais conhecida é a vacina tríplice viral. Como o nome diz, ela oferece proteção contra três doenças: sarampo, caxumba e rubéola.
A tríplice viral é feita com vírus vivos atenuados, o que significa que os vírus estão enfraquecidos. Eles são capazes de estimular o sistema imunológico a criar defesas, mas sem causar a doença. Existem também outras apresentações, como a dupla viral (sarampo e rubéola) e a tetraviral.
Vacinação infantil
Como rotina para crianças, as sociedades brasileiras de Pediatria (SBP) e de Imunizações (SBIm) recomendam duas doses: uma aos 12 meses e a outra aos 15 meses.
Nessa segunda aplicação é indicada preferencialmente a aplicação da vacina tetraviral, que inclui a proteção contra a varicela (catapora).
Em situações de surto, como o que temos hoje no Brasil, o Ministério da Saúde recomenda a aplicação de uma "dose zero". Ela é destinada a bebês de 6 a 11 meses. Essa dose não substitui as do calendário de rotina. A criança ainda precisará receber as doses de 12 e 15 meses.
Vacinação para adolescentes e adultos não vacinados
Quem não foi vacinado na infância deve receber duas doses da vacina tríplice viral, com intervalo de um a dois meses entre elas.
Idosos com mais de 59 anos provavelmente já tiveram contato com sarampo em algum momento da vida. Mas, caso haja exposição ao vírus, dúvida sobre se já teve sarampo ou sobre o histórico vacinal, a vacina é indicada, mesmo para maiores de 60 anos.
Vacina tetraviral
A vacina tetraviral protege contra quatro doenças: sarampo, caxumba, rubéola e varicela, mais conhecida como catapora, outra doença comum na infância.
Essa vacina é aplicada aos 15 meses de idade, sendo a segunda dose realizada pelo menos 2 meses após a primeira. Ela está disponível no SUS (em que é dada aos 4 anos de idade) e também na rede privada (recomendada no segundo ano de vida).
Atendimento domiciliar sem taxa de descolamento
Se você busca mais comodidade, pode se vacinar em casa. O laboratório Delboni oferece o serviço de atendimento domiciliar. Nele, equipes especializadas vão até a residência do paciente para aplicar vacinas e realizar a coleta de exames.
Essa opção é ideal para bebês, idosos ou pessoas com dificuldade de locomoção. Muitas vezes, essa facilidade ajuda a manter o calendário vacinal de toda a família em dia.
Fonte: Dra. Maria Isabel de Moraes Pinto, Infectopediatria e Médica consultora em vacinas da Dasa