Câncer de mama: sintomas, tratamento e prevenção

 

Autora: Dra. Mariana Scaranti - médica oncologista clínica na Dasa

 

 

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O câncer de mama acomete mais de 2 milhões de pessoas todos os anos no mundo. É o segundo tipo de câncer mais comum no Brasil e no mundo, ficando atrás apenas do câncer de pele não melanoma. 

O câncer de mama responde, atualmente, por cerca de 30% dos casos novos de câncer em mulheres. É menos frequente antes dos 35 anos de idade, e mais comum após a menopausa.  

A maioria dos cânceres de mama é descoberta após a percepção de mudanças na textura ou na aparência das próprias mamas, principalmente pela palpação destas. Realizar exames periodicamente é de extrema importância para identificar precocemente qualquer tipo de alteração na mama antes mesmo dos sintomas aparecerem. Assim, a o câncer de mama pode ser diagnosticado em estágios mais iniciais aumentando a chance de cura e diminuindo a complexidade dos tratamentos. 

O QUE É CÂNCER DE MAMA? 

O câncer de mama é uma doença que ocorre pela multiplicação desordenada de células da mama, causando tumor. Como há vários tipos de câncer de mama, a doença poderá se desenvolver de diferentes formas, a depender das características do tumor. 

TIPOS DE CÂNCER DE MAMA 

Os tipos mais comuns de câncer de mama são: 

  • Carcinoma in situ (ou não invasivo): É quando o câncer não evoluiu para a forma invasiva, ou seja, o tumor não invadiu a membrana basal subepitelial. A taxa de cura é alta na infinita maioria dos casos. 

  • Carcinoma ductal invasivo: Esse tipo de câncer inicia-se no ducto de leite e tem comportamento invasivo. Assim, quanto mais inicialmente esse tumor for diagnosticado, menores as chances de uma metástase. 

  • Carcinoma lobular invasivo: É formado primeiramente nas glândulas mamárias produtoras de leite (lóbulos) e tem comportamento invasivo. Assim, quanto mais inicialmente esse tumor for diagnosticado, menores as chances de uma metástase.

FATORES DE RISCO 

São fatores de risco conhecidos para câncer de mama: 

  • Idade avançada, principalmente acima dos 50 anos; 

  • Obesidade e sobrepeso  

  • Sedentarismo  

  • Abuso do consumo de bebida alcoólica; 

  • Exposição excessiva à radiação ionizante; 

  • Primeira menstruação antes dos 12 anos de idade; 

  • Primeira gestação após os 30 anos; 

  • Menopausa após os 55 anos; 

  • Não ter tido filho; 

  • Uso de contraceptivos hormonais; 

  • Ter feito reposição hormonal 

  • Histórico familiar de câncer de mama; 

  • Histórico familiar de câncer de ovário; 

  • Algumas variantes genéticas (mutação) especialmente nos genes BRCA1 e BRCA2. 


QUAIS SÃO OS SINTOMAS DE CÂNCER DE MAMA?  

Os sintomas dependem do estágio em que a doença se encontra. Em estágios muito iniciais, a doença pode não trazer sintoma algum. 

SINTOMAS INICIAIS DO CÂNCER DE MAMA 

Os sintomas iniciais do câncer de mama geralmente são: 

  • Nódulo (caroço), fixo e geralmente indolor 

  • Pequenos nódulos nas axilas; 

  • Saída de líquido anormal pelos mamilos. 

SINTOMAS DE CÂNCER DE MAMA AVANÇADO 

O câncer pode apresentar sintomas mais graves quando está em estágio avançado, como: 

  • Inchaço de toda ou parte de uma mama (mesmo que não se sinta um nódulo); 

  • Dor  

  • Irritação ou abaulamento de uma parte da mama; 

  • Edema (inchaço) da pele; 

  • Inversão do mamilo. 

CÂNCER DE MAMA DÓI? 

Não necessariamente. Muitas vezes o câncer de mama passa a doer quando o tumor já está em estágios mais avançados, podendo causar dor na mama ou no mamilo não relacionada ao ciclo menstrual.

COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO? 

A maioria dos casos de câncer de mama é descoberta pelas próprias mulheres. As recomendações são para que todas as mulheres, independentemente da idade, reconheçam seu corpo para saber o que é e o que não é normal em suas mamas. O mais importante é manter os exames periódicos em dia que permitem o diagnóstico precoce de câncer de mama antes de alterações palpáveis. 

O exame clínico e a mamografia são importantes para o rastreio do câncer de mama. O exame clínico é realizado por meio da palpação das mamas por um(a) médico(a).  

A Mamografia é uma radiografia, realizada por um equipamento de raios X especial, chamado mamógrafo. Com ela é possível visualizar alterações suspeitas da doença antes de sintomas ou alteração das mamas. A mamografia pode ser realizada em diferentes idades, tanto para rastrear alterações na mama, quanto para investigar alterações na mama, quando é chamada de mamografia diagnóstica.

CÂNCER DE MAMA MASCULINO 

O câncer de mama em homens é raro, representando apenas 1% do total de casos da doença. Um dos fatores de risco é o histórico familiar de câncer de mama em homens. 

TRATAMENTOS PARA CÂNCER DE MAMA 

O tratamento dependerá de qual for o estádio do tumor diagnosticado, podendo ser local ou sistêmico. 

TRATAMENTO LOCAL 

O tratamento local do câncer de mama é realizado com cirurgia ou radioterapia. 

TRATAMENTO SISTÊMICO 

Outro tipo de tratamento é o sistêmico, que consiste em realizar quimioterapia, hormonioterapia ou mesmo anticorpos. A caracterização do tumor quanto a expressão de receptores hormonais (estrogênio e progesterona) e HER2 (receptor tipo 2 do fator de crescimento epidérmico humano) é fundamental para definir a escolha das estratégias de tratamento. 

ESTADIAMENTO DO CÂNCER DE MAMA 

No estadiamento do câncer são analisadas as características biológicas do tumor como por exemplo seu tamanho e quais regiões ele acomete. Fazemos isso com exame clínico e exames de imagem. 

Entender em qual estádio o tumor está, auxilia na definição de qual tratamento seguir em cada caso. 

  • Estádios I e II: Nas fases iniciais, geralmente, mas não sempre, seguimos com cirurgia, que pode ser conservadora (retirada de pouco tecido além do tumor) ou mastectomia (retirada da mama) parcial ou total. Após a cirurgia, o médico responsável pode recomendar tratamento complementar com radioterapia, quimioterapia ou hormonioterapia. A reconstrução mamária também é avaliada. Em situações específicas, mesmo em estágios iniciais podemos começar o tratamento com quimioterapia antes da cirurgia. A avaliação com médico oncologista é fundamental para definir a melhor sequência de tratamento. 

  • Estádio III: corresponde a tumores mais avançados que podem ter tamanho acima de 5cm ou mesmo comprometer gânglios linfáticos, se enquadram nesse estádio. Nestes casos, podemos iniciar o tratamento quimioterápico antes de realizar a cirurgia para diminuir o tumor. 

  • Estádio IV: é quando o tumor gerou metástases à distância. Nesses casos o tratamento sistêmico com quimioterapia, hormonioterapia ou anticorpos é avaliado. 

COMO PREVENIR O CÂNCER DE MAMA? 

Estima-se que apenas 5 a 10% dos cânceres de mama tem relação com hereditariedade. Portanto, hábitos saudáveis têm um papel crucial na prevenção. Na verdade, não só do câncer de mama, mas de outros tipos de tumores e de doenças cardiovasculares. 

Alguns hábitos que ajudam na prevenção são: 

  • Praticar atividade física regularmente; 

  • Alimentar-se de forma saudável; 

  • Manter o peso corporal adequado; 

  • Evitar o consumo excessivo de bebidas alcoólicas; 

  • Amamentar, quando possível;  

  • Não realizar terapia de reposição hormonal sem adequada supervisão médica 

 

Manter um estilo de vida saudável é recomendado para todas as nossas pacientes, independentemente do risco genético de desenvolver o câncer de mama.

No entanto, no caso das pacientes com um risco genético aumentado para o desenvolvimento de câncer de mama, como aquelas com mutações em BRCA1 ou 2, também são indicadas medidas individualizadas de rastreamento do câncer de mama, com mamografias e ressonâncias de mama mais frequentes.  

Médico e paciente ainda podem analisar a possibilidade de uma cirurgia redutora de risco, com a retirada preventiva do tecido glandular mamário. 

EXAME DE MAMOGRAFIA 

O exame de mamografia deve ser realizado como rotina em mulheres a partir de 40 anos de idade, podendo ser recomendada mais precocemente, caso haja casos de câncer de mama na família ou outros fatores de risco, a critério médico. 

Para realizar a mamografia, a mulher é posicionada em pé, de forma que o seio fique entre as duas placas do mamógrafo, que é onde as imagens serão capturadas. Durante o exame, a mulher deverá ficar imóvel e segurando a respiração durante alguns segundos quando solicitado pelo técnico responsável.  

É um exame simples, que dura poucos minutos.

EXAMES GENÉTICOS

Há exames genéticos que podem ser realizados em situações indicadas como história pessoal de câncer de mama triplo negativo, câncer de mama em idade muito jovem ou rica história familiar de câncer de mama e ovário. Converse com seu médico para identificar se você tem recomendação de realizar um teste genético. 

Genes BRCA1 e BRCA2 

A testagem germinativa para pesquisa de mutações em BRCA1 ou 2 nos permite personalizar rastreio do câncer de mama, discutir cirurgia redutoras de risco para câncer de mama e ovário, direcionar a melhor estratégia de tratamento, identificar familiares com risco de desenvolverem câncer e oferecer assistência reprodutiva para aqueles que eventualmente desejem selecionar embriões sem esta alteração genética. 

O exame é realizado a partir de uma coleta de sangue ou de saliva. 

Teste prognóstico Endopredict (Myriad) 

O Endopredict (Myrad), é o teste responsável por avaliar o risco genômico e clínico de recorrência do  de alguns tumores receptores hormonais positivos e indicar o benefício da quimioterapia nos pacientes de alto risco. Ele é realizado da seguinte maneira: 

  1. Após a cirurgia, o tumor é enviado para um laboratório de patologia, que irá avaliar as características deste tumor. O teste Endopredict é prescrito caso as características estejam dentro do padrão para realizá-lo. 

  1. O laboratório de genética recebe os blocos de parafina, as lâminas e os laudos e seu time de patologistas vai confirmar os achados e selecionar o bloco com maior quantidade de células tumorais que serão enviados para a realização do teste. 

  1. O RNA é extraído e avaliado por meio da técnica de Real Time RT-PCR, sendo gerado um escore molecular (EPscore). 

  1. Um escore é determinado, com base nessa análise molecular e em conjunto com fatores clínicos patológicos (EPclin) 

 

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