A captura híbrida HPV é uma técnica de biologia molecular utilizada para realizar um rastreio mais refinado da presença do Papilomavírus Humano (HPV) no corpo. Com base em amostras coletadas do colo do útero ou de outras regiões genitais, o exame é capaz de detectar a presença do material genético do vírus. E, por isso, assume papel importante nos cuidados ginecológicos – especialmente na prevenção do câncer de colo de útero, doença que tem cerca de 17 mil novos casos por ano no triênio 2023-2025 no Brasil.

Continue a leitura para saber mais sobre como esse exame é feito e quando ele está indicado.
O que é a captura híbrida para HPV
A captura híbrida é um teste que utiliza tecnologia molecular para detectar a presença de HPV no organismo.
O exame não identifica os tipos virais do HPV e sim os grupos virais, que são divididos em dois:
- Grupo de baixo risco (grupo A): não oncogênicos, ou seja, que não causam o câncer; que inclui os tipos virais 6, 11, 42, 43 e 44.
- Grupo de alto risco (grupo B): oncogênicos ou que podem causar o pré-câncer e o câncer; que inclui os tipos virais 16,18, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58, 59 e 68.
Os resultados mostram valores de RLU (Unidades Relativas de Luz). Quando é positivo para HPV, a relação RLU/PCA, para os vírus do grupo A, e/ou RLU/PCB, para os vírus do grupo B, é igual ou maior que 1.
Esse exame vem sendo gradativamente substituído pelo PCR, que além de identificar a presença do vírus, permite a identificação do tipo viral, principalmente os tipos 16 e 18, o que pode ser decisivo nas decisões do tratamento (já que esses tipos são os que apresentam maior risco para evoluir para tumores).
O que é HPV e qual sua importância na saúde feminina
O Papilomavírus Humano ou HPV é um vírus transmitido principalmente por contato sexual que infecta células da pele e das mucosas do corpo. Existem diversos tipos de HPV: alguns, considerados de “baixo risco”, podem causar verrugas genitais (um tipo de IST, infecção sexualmente transmissível), enquanto outros, considerados de “alto risco”, estão associados a lesões pré-cancerígenas e a cânceres como de colo do útero e orofaringe.
Para a saúde feminina, a infecção persistente por tipos de alto risco representa um fator de risco relevante para o desenvolvimento do câncer de colo do útero, o que torna essencial a detecção precoce de eventuais lesões e o acompanhamento adequado junto com outros exames (como o ultrassom).
Como o exame de captura híbrida detecta o vírus
Na técnica de captura híbrida, uma amostra de células (geralmente retirada do colo do útero) é avaliada em laboratório por meio de quimioluminescência ou outro método de sinal.
Os resultados são apresentados como valores de relação RLU/CO (ou relações similares) para grupos “baixo risco” e “alto risco”. Quando a relação atinge ou ultrapassa 1, considera-se detectado o HPV no respectivo grupo.
Quando o exame de captura híbrida HPV é indicado?
O exame de captura híbrida é indicado para mulheres que tiveram alguns tipos de alteração de Papanicolau ou lesões suspeitas; ou, ainda, em homens com peniscopia alterada.
Mulheres com alterações no Papanicolau
Quando o exame Papanicolau apresenta alterações (como, por exemplo, presença de células atípicas ou lesões precursoras), o médico pode solicitar a captura híbrida para investigar se há a presença de um HPV de alto risco.
Rastreamento preventivo
O rastreamento de rotina em mulheres assintomáticas utilizando a captura híbrida não é o mais recomendado atualmente. No entanto, o exame vem ganhando mais espaço como método mais sensível e eficaz para a triagem primária.
Idade e histórico médico
Para mulheres acima de 30 anos e/ou com histórico de lesões cervicais ou imunossupressão, a detecção molecular do HPV pode ser especialmente relevante nos exames preventivos.
É preciso ter sintomas para fazer o teste?
Não necessariamente. Muitas infecções por HPV são assintomáticas. Portanto, o exame pode ser indicado mesmo na ausência de sintomas se houver fatores de risco, alterações citológicas ou como parte do rastreamento ginecológico, especialmente em mulheres com algum histórico de infecção pelo vírus.
Como é feito o exame de captura híbrida HPV
No caso das mulheres, é necessário coletar uma pequena amostra de secreção do colo do útero e da vagina. A amostra pode também ser coletada na secreção anal ou bucal quando se quer verificar se o vírus está nesses locais.
Em homens, o exame é coletado a partir das secreções da glande, uretra ou do pênis. Após o material ser coletado, é colocado em um tubo de ensaio e levado para análise em um laboratório, onde será identificada ou não a presença do HPV.
O exame é indolor, porém algumas pessoas podem sentir leves desconfortos durante a coleta.
Precisa de alguma preparação para o exame?
Para realizar o exame são necessários alguns preparos. No caso das mulheres, recomenda-se que não tenha tido relação sexual nas 72 horas que antecedem o exame, não estar menstruada, não realizar lavagem com duchas nem usar cremes vaginais.
O preparo dos homens também consiste em não ter tido relação sexual nas 72 horas anteriores ao exame. Caso o exame seja coletado pela uretra, é necessário ficar 4 horas sem urinar. Já na coleta através do pênis, o paciente deverá ficar 8 horas sem higiene local.
Diferenças entre captura híbrida e outros testes
A captura híbrida não é o único exame feito para encontrar a presença do HPV no organismo. Veja quais são os outros:
DNA HPV
O exame de DNA HPV é um teste molecular que visa detectar a presença do material genético (o DNA) do papilomavírus humano em amostras de células, geralmente coletadas do colo do útero.
A grande vantagem do teste de DNA HPV é justamente identificar a presença desses tipos de HPV de alto risco oncogênico (ou seja, com potencial para causar câncer), antes mesmo que eles causem alterações celulares visíveis em outros exames, como o papanicolau.
Muitas vezes, também permite realizar a tipagem do vírus de forma mais precisa (e não apenas pelo grupo, como ocorre com a captura híbrida).
Papanicolau
O exame Papanicolau avalia alterações nas células do colo do útero e não diretamente a presença do vírus. Já os testes de DNA (como captura híbrida ou PCR) detectam o vírus antes que alterações celulares possam surgir.
O exame detecta todos os tipos de HPV?
Não. A captura híbrida detecta grupos de tipos virais (de alto e baixos riscos), mas não realiza a genotipagem detalhada de cada tipo específico. Portanto, embora consiga identificar a presença no organismo dos tipos mais relevantes para o risco de câncer, o exame não é capaz de identificar todos os mais de 200 tipos de HPV existentes.
De quanto em quanto tempo devo repetir o exame?
A periodicidade depende de fatores como idade, resultados prévios, histórico de lesões anteriores ou outros fatores de risco. Em casos de resultado alterado ou lesões prévias, o acompanhamento será definido pelo médico.
Fonte: Dr. Jaime Kulak Junior - Ginecologista