
Autor: Aline Cristina Pereira Teles - endocrinologista
Diabetes gestacional é uma condição metabólica que ocorre exclusivamente durante a gravidez e é causada pelo aumento da resistência à insulina causada pelos hormônios da gestação durante esse período na vida da mulher.
É justamente essa resistência que pode aumentar os níveis de glicose no sangue e causar complicações à saúde da mãe e do bebê. Continue a leitura para entender mais sobre o problema e como ele pode ser prevenido.
O que é diabetes gestacional?
O diabetes mellitus gestacional (DMG), ou simplesmente diabetes gestacional, é uma doença metabólica caracterizada pela intolerância à glicose que se inicia durante a gestação em mulheres que, antes, possuíam uma glicemia normal, podendo ou não persistir após o parto.
A condição é definida pelos níveis elevados de glicose no sangue da gestante.
O que causa diabetes gestacional?
Durante a gravidez, a partir da 20ª semana de gestação, alguns hormônios produzidos pela placenta diminuem a efetividade da insulina no corpo da mulher para aumentar a oferta de nutrientes para o bebê. Com isso, o corpo da mulher precisa produzir mais insulina do que o habitual para controlar os níveis de açúcar no sangue.
No entanto, por fatores individuais, algumas mulheres não conseguem atingir esse equilíbrio e se tornam diabéticas durante a gravidez.
Quais são os sintomas?
Nem sempre o quadro de diabetes gestacional causa sintomas na mulher. Quando eles aparecem, os mais comuns são:
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Cansaço excessivo;
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Ganho de peso excessivo na gestante ou no bebê;
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Aumento do apetite;
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Vontade frequente de urinar;
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Boca seca e muita sede;
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Visão turva;
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Náuseas.
É importante destacar que a maioria das gestantes com diabetes gestacional é assintomática, sendo necessário realizar exames diagnósticos para identificar essa comorbidade.
Como a diabetes gestacional afeta o desenvolvimento do feto?
Fetos de mães com diabetes gestacional podem ganhar peso em excesso devido à exposição aos níveis altos de glicemia e insulina. Essa condição também pode levar ao crescimento desproporcional de alguns órgãos.
Já durante os primeiros dias de vida do bebê, existe o risco aumentado para hipoglicemia, que é o nível baixo de açúcar no sangue. Isso pode levar a quadros de convulsão, coma, lesão neurológica e até provocar a morte.
Por fim, crianças cujas mães tiveram diabetes gestacional têm mais predisposição para desenvolver obesidade, síndrome metabólica e diabetes tanto na infância como na vida adulta.
Diabetes gestacional: fatores de risco
Existem alguns fatores de risco que predispõem as gestantes ao diabetes gestacional. Os principais são:
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Sobrepeso/obesidade durante a gestação;
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Aumento de peso excessivo durante a gravidez.
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Síndrome dos ovários policísticos (SOP);
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Uso de medicamentos que interferem no nível de açúcar do sangue;
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Hipertensão arterial;
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Hipertrigliceridemia (nível elevado de triglicerídeos);
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Perdas gestacionais anteriores;
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Histórico de diabetes gestacional.
Especialistas em diabetes gestacional
O diabetes gestacional costuma ser detectado durante os exames de pré-natal e ser acompanhado pelo médico obstetra. O acompanhamento de um endocrinologista também pode ser requisitado, bem como de um nutricionista para a elaboração de uma dieta equilibrada que ajude a reduzir os níveis de açúcar no sangue.
Formas de diagnosticar a diabetes gestacional
Normalmente, o diagnóstico é feito durante o acompanhamento pré-natal, no segundo ou terceiro trimestre da gestação.
Já na primeira consulta, o médico obstetra deverá dosar a glicemia da gestante. Os valores que indicam complicações são:
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Glicemia de jejum maior ou igual a 126 mg/dL sugere diagnóstico de diabetes mellitus prévio (antes da gestação).
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Glicemia de jejum entre 92 mg/dL e 125 mg/dL sugere diagnóstico de diabetes mellitus gestacional.
Entre 24 e 28 semanas, a gestante deve passar por outro teste, o de curva glicêmica. Quando os resultados desse exame dão alterados, eles indicam o diabetes gestacional. Os valores de referência para uma gestante saudável são:
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Glicemia em jejum: maior ou igual a 92 mg/dL;
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Glicemia após 1 hora de sobrecarga com 75 g de glicose: maior ou igual a 180 mg/dL;
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Glicemia após 2 horas de sobrecarga com 75 g de glicose: maior ou igual a 153 mg/dL.
Formas de tratamento
O tratamento do diabetes gestacional é feito principalmente com dieta balanceada, atividade física regular e medicamentos específicos para a patologia, caso não sejam atingidos os alvos glicêmicos preconizados após mudanças no estilo de vida.
Como cada indivíduo tem suas particularidades, é recomendável que a gestante tenha acompanhamento nutricional antes de modificar seus hábitos alimentares.
Algumas alterações, no entanto, trazem benefícios, como:
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Reduzir o consumo de açúcar e farinhas brancas;
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Priorizar o consumo de alimentos ricos em fibras e integrais;
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Aumentar a ingestão de proteínas;
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Preferir a ingestão de gorduras boas, como castanhas e azeite de oliva (com moderação).
