Autor: Dr. Eduardo Lima Gomes - médico cardiologista
Níveis altos de colesterol, quadro também conhecido como hipercolesterolemia, é um problema de saúde pública que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Apesar de ser uma condição silenciosa, sem sintomas perceptíveis, a hipercolesterolemia representa um risco significativo para doenças cardiovasculares, como infarto e AVC.
Acompanhe a leitura e conheça as causas da hipercolesterolemia, além das formas de prevenção e tratamento para o problema.
Hipercolesterolemia: o que é?
A hipercolesterolemia é a condição resultante dos níveis elevados de colesterol, especificamente acima do ideal para um determinado paciente. O colesterol, no entanto, não é uma única partícula; ele se divide em várias frações, incluindo o conhecido como LDL (colesterol ruim) e frações de triglicerídeos, que também não devem ser elevadas.
Portanto, quando essas frações estão elevadas, seja apenas o LDL, ou em casos mistos, quando o LDL e os triglicerídeos estão elevados, temos a hipercolesterolemia. Outro termo que poderia ser usado seria a dislipidemia, que abrange todas as alterações nos níveis ideais do colesterol e de suas frações.
Tipos de Hipercolesterolemia
A hipercolesterolemia pode ser primária ou secundária:
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Hipercolesterolemia primária: a alteração do colesterol não é secundária a outra doença, sendo de fato uma alteração própria do paciente. Parte dessas dislipidemias primárias são genéticas e fazem com que algumas pessoas tenham um colesterol muito elevado desde a infância. Muitas vezes, a hipercolesterolemia está associada também a uma dieta com níveis elevados de colesterol.
O fígado é responsável por 70% a 80% do colesterol que temos no sangue e a dieta, pelos outros 20% a 30%. Assim, uma genética desfavorável aliada a uma dieta com altos teores de colesterol torna o indivíduo bastante propenso a desenvolver uma hipercolesterolemia primária. -
Hipercolesterolemia secundária: ocorre quando o colesterol está aumentado por causa de outra condição, seja uma doença como o hipotireoidismo, síndrome nefrótica (situação em que o fígado é forçado a produzir mais proteínas, incluindo as proteínas que formam o colesterol), ou até mesmo o uso de medicações antidepressivas e diuréticas que podem aumentar o colesterol.
Possíveis causas para a hipercolesterolemia
Entre as possíveis causas para a hipercolesterolemia, podemos listar:
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Genética: alterações genéticas que afetam o metabolismo do colesterol. Por isso, recomenda-se a dosagem do colesterol desde a infância para identificar possíveis causas genéticas.
Também pode ser feito o Teste Genético para Hipercolesterolemia Familiar. Isso porque algumas condições podem levar a eventos cardiovasculares precoces, como infarto ou AVC, sem que o paciente tenha conhecimento prévio da condição genética subjacente. -
Doenças: como hipotireoidismo, que é uma diminuição da função da tireoide, e outras condições médicas que podem afetar os níveis de colesterol.
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Medicamentos: como diuréticos, antidepressivos e outras medicações psiquiátricas podem contribuir para a hipercolesterolemia.
Como prevenir a Hipercolesterolemia?
Para prevenir a hipercolesterolemia, a abordagem geralmente se concentra na dieta e no estilo de vida. Sendo assim, práticas simples podem ajudar, como:
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Dieta saudável: evitar alimentos ricos em gordura animal, como queijos amarelos, carne vermelha gordurosa e pele de frango, que podem aumentar os níveis de LDL. Reduzir a ingestão de carboidratos e açúcares pode ajudar a controlar os níveis de triglicérides, influenciados por esses nutrientes. Além disso, uma dieta que inclui gorduras vegetais mono e poliinsaturadas, como azeite de oliva e oleaginosas (castanhas, pistache, amêndoas) pode aumentar os níveis de HDL sem aumentar o LDL.
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Atividade física: praticar atividades físicas regularmente pode impactar positivamente os níveis de HDL e triglicérides. Indivíduos obesos e sedentários tendem a ter níveis mais baixos de HDL.
Sintomas
A hipercolesterolemia e as dislipidemias geralmente não apresentam sintomas específicos. Geralmente, os altos níveis de colesterol se manifestam clinicamente por meio de eventos como infarto ou AVC, indicando uma condição arterosclerótica em estágio avançado.
Portanto, é crucial não esperar por sintomas, pois sua presença pode indicar uma fase avançada da doença, com vasos sanguíneos obstruídos no cérebro, membros inferiores ou coração.
Em casos de níveis extremamente elevados de colesterol, podem surgir xantelasmas (manchas na pele devido ao depósito de colesterol) e xantomas (depósitos de colesterol nos tendões), que estão associados a dislipidemias genéticas. Embora não sejam sintomas comuns, a presença desses sinais sugere uma disfunção lipídica significativa.
Pode ser que o paciente não reconheça esses sinais em casa e, às vezes, apenas perceba uma mancha amarela na pele. Por isso, ele não deve esperar por sintomas ou sinais de colesterol alto, mas sim realizar regularmente exames de sangue para monitorar os níveis lipídicos.
Diagnosticar a condição por meio de exames de sangue simples é fundamental, permitindo intervenções para prevenir o desenvolvimento da doença.
Qual médico procurar?
Por ser um exame de fácil execução e que consta na maior parte das triagens, qualquer médico generalista, como clínico geral, geriatra, ginecologista, médicos de família, pediatras, entre outros, pode identificar níveis elevados de colesterol.
No entanto, vale ressaltar que os valores aceitos como colesterol ideal dependem muito do risco do paciente. Por exemplo: valores mais altos podem ser aceitos para pacientes mais jovens e que não possuem doença cardiovascular. A partir do momento que o paciente já possui fatores de risco, como hipertensão e diabetes, o médico pode ser mais rigoroso. Dependendo do risco, o ideal é fazem um acompanhamento com um cardiologista.
Exames indicados para o diagnóstico
É possível detectar alterações do colesterol com a coleta simples de sangue e análise de colesterol total e frações.
Tratamento para a Hipercolesterolemia
O tratamento da hipercolesterolemia é predominantemente baseado em mudanças na dieta, prática de atividade física e, quando necessário, o uso de medicamentos específicos para reduzir o LDL.
Esses medicamentos são amplamente utilizados e seguros na prática cardiológica há muitos anos. Eles reduzem significativamente, em torno de 30%, o risco de eventos cardiovasculares, agindo no fígado para reduzir a produção desse tipo de colesterol.
Além disso, há uma nova geração de medicamentos administrados por via subcutânea que agem de forma complexa e eficaz, aumentando a quantidade de receptores de LDL no organismo e, consequentemente, reduzindo a concentração de colesterol ruim no sangue.
Essas tecnologias são indicadas principalmente para pacientes com histórico de infarto prévio e que precisam manter níveis de LDL muito baixos.
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