O corpo humano tem uma ferramenta própria de defesa para se manter funcionando plenamente: o sistema imunológico. Moléculas, células, tecidos e órgãos trabalham juntos para que possamos realizar desde atividades mais complexas até as mais simples, como respirar. Mas será que é possível fortalecer esse sistema imunológico? O que comemos pode influenciar nesse desempenho? Neste texto, vamos entender melhor a relação entre alimentação e defesa do organismo, incluindo a contaminação por Covid-19.
De maneira geral, o que é bom para fortalecer o sistema imunológico?
O sistema imunológico é muito bem controlado por funções internas do corpo.
Alguns hábitos nos ajudam a fortalecê-lo, fazendo com que seja ainda mais eficiente no combate a infecções.
Dormir bem, alimentar-se de forma variada, praticar exercícios físicos e controlar o estresse são hábitos extremamente favoráveis para a imunidade.
Alimentação e imunidade
A alimentação precisa ser variada e colorida. A presença de fibras e dos pré e probióticos auxilia muito em manter uma melhor qualidade de microbiota intestinal e, com isso, impactar positivamente a imunidade.
Mas o que seriam esses elementos?
Prebióticos são substâncias não digeríveis, enquanto os probióticos são os hospedeiros (bactérias) que se alimentam delas. Ambos são muito úteis para a manutenção da imunidade de um organismo, quando presentes em quantidades adequadas.
Exemplificando, prebióticos são ingredientes nutricionais não digeríveis pelo intestino humano e que servem como substrato a uma ou mais bactérias intestinais benéficas. Alguns exemplos são alho, cebola, chicória, alcachofra, aspargo e grão-de-bico.
Já os probióticos são as bactérias benéficas que se alimentam deles e habitam o cólon. Os lactobacilos são o exemplo mais conhecido: eles ajudam a regular o intestino “preguiçoso”, além de auxiliar a prevenir infecções e doenças causadas por outras bactérias.
Quais nutrientes são essenciais para a manutenção da imunidade no organismo?
Antes de tudo, é preciso entender que nenhum alimento vai aumentar a imunidade do organismo. Contudo, ele pode conter substâncias que estimulem alguma melhoria, como o exemplo dos pré e probióticos. Com o organismo mais forte, o sistema imunológico também se fortalece. Mas não há nada que garanta que o consumo de um alimento vá trazer imunidade.
Conheça algumas substâncias que podem ser consumidas nos alimentos e em sucos:
- Zinco: Presente nas carnes, frutos do mar, fígado e vísceras, peixes, ovos e cereais integrais. Para sucos, acrescentar aveia, chia e linhaça para auxiliar no incremento do nutriente.
- Selênio: É um mineral encontrado no solo e presente nas castanhas de forma geral. A castanha-do-pará é a mais rica de todas. Ela deve fazer parte das suas receitas do dia a dia.
- Vitaminas A: Presente no fígado e no óleo de fígado de peixe, nos vegetais de cor alaranjada ou verde escura. Para sucos, cenoura e couve são os alimentos mais usados.
- Vitamina C: Presente em frutas cítricas e muito utilizada como base de sucos.
- Vitamina D: Exposição solar por 15 minutos diários é suficiente para a maioria das pessoas na manutenção dos níveis de vitamina D.
As frutas aumentam a imunidade do corpo?
Novamente, nenhuma fruta “aumenta” a imunidade — mas as oxidantes, por exemplo, auxiliam a manter o sistema imunológico mais protegido.
Um alimento antioxidante é aquele que atrasa ou inibe a oxidação celular, um processo comum no organismo que resulta em moléculas instáveis chamadas radicais livres. Essas moléculas são maléficas para as nossas células e podem inclusive matá-las.
Apesar disso, são úteis em pequenas quantidades, pois têm um papel importante no processo celular. Além do mais, nosso organismo conta com enzimas protetoras capazes de neutralizar quase todos os danos causados pela oxidação.
Os radicais livres só podem causar problemas mais sérios quando em número maior, prejudicando o funcionamento celular e causando o "estresse oxidativo".
Nesse processo, podem minar o sistema imunológico, atuar no envelhecimento e causar patologias mais complexas, como como artrite, arteriosclerose e catarata,
Assim, os nutrientes antioxidantes auxiliam o corpo a combater essas moléculas e proteger as nossas células — que também podem ser as células de defesa e, por isso, têm impacto positivo para a imunidade.
Quais frutas são antioxidantes?
São aquelas que contêm:
- Vitamina A: Abacate, ameixa seca, damasco, manga, mamão papaia, melão e tomate.
- Vitamina C: Acerola, brócolis, castanha-da-índia, goiaba, frutas cítricas, manga, melão, mamão e tomate.
- Licopeno: Goiaba vermelha, melancia, tomate, pitanga, mamão e caqui.
- Resveratrol: É mais presente nas cascas e sementes das uvas vermelhas ou pretas. Por isso, também é possível consumi-lo no vinho e no suco de uva tinto. Além delas, amoras, mirtilo, cranberry, cacau e amendoim.
Veja também a importância de ler rótulos de alimentos industrializados para entender os nutrientes e ingredientes dos alimentos que você consome.
Qual a relação entre a imunidade e o contágio do coronavírus?
A imunidade não vai interferir no contágio, pois o vírus entra pelas vias respiratórias. Além disso, o comportamento da patologia ainda não é muito bem explicado pela ciência.
Por fim, a disseminação da Covid-19 foi tão ampla porque nenhum de nós tinha essa memória imunológica e, portanto, éramos todos vulneráveis à infecção.
Ninguém pode negar, no entanto, que um corpo saudável seja capaz de combater com mais sucesso a proliferação de vírus e bactérias. E isso não seria diferente com relação ao coronavírus.
Manter-se saudável é uma construção diária e para toda a vida. Dormir bem, ter uma alimentação variada (com proteínas, vitaminas e carboidratos, por exemplo), praticar atividade física conforme a orientação da OMS (150 minutos semanais de atividade moderada ou 75 minutos de atividade intensa) e combater o estresse são algumas delas.
Além disso, evitar bebidas alcoólicas e cigarro também trarão excelentes benefícios ao sistema imunológico. Por fim, manter a exposição ao sol auxilia na manutenção dos níveis de vitamina D além de contribuir para a redução do estresse.
Após o contato com algum microrganismo novo, assim como o SARS-CoV-II, o corpo produz anticorpos contra o vírus, além de adquirir uma memória celular que tornará a defesa mais ágil e eficaz em um novo contato com o mesmo vírus ou bactéria. É assim que o corpo age após a vacina também.
No entanto, é importante lembrar que mesmo quem já se contaminou com o vírus e ainda não foi vacinado pode desenvolver uma forma mais grave da doença. Portanto, a única ferramenta realmente eficaz contra o vírus é a vacina.
Autora: Dra. Myrna Perez Campagnoli - endocrinologista