Hiperglicemia: níveis elevados de açúcar no sangue exigem atenção médica

hiperglicemia

O açúcar é o combustível do nosso corpo. Mas, como quase tudo na vida, em excesso, pode trazer problemas. Quando os níveis de açúcar no sangue ficam excessivamente altos, temos um quadro chamado hiperglicemia. Essa condição é bastante conhecida por pessoas com diabetes, mas pode ter outras causas também. Continue a leitura e saiba mais sobre a hiperglicemia, porque ela acontece e como identificá-la e tratá-la para evitar complicações. 

 O que é hiperglicemia?

Hiperglicemia é a condição de saúde em que há excesso de glicose (açúcar) no sangue. Mas, antes de nos aprofundarmos no tema, seria importante conhecermos melhor a glicose e sua atuação no nosso organismo. 

A glicose é o açúcar que circula no nosso sangue e que serve como a principal fonte de energia para as células do corpo funcionarem. E essa glicose vem basicamente dos alimentos, especialmente os carboidratos (pães, massas, arroz, frutas, doces etc.). 

Depois que comemos, a glicose vai para o sangue. Para que ela consiga entrar nas células e ser usada como energia, precisamos da insulina. Este hormônio produzido pelo pâncreas "abre as portas" das células para a glicose entrar. 

 A hiperglicemia acontece quando esse processo não funciona adequadamente e a glicose acaba se acumulando no sangue em níveis acima do normal. Isso pode ocorrer por dois motivos principais: ou o pâncreas não produz insulina suficiente (como no diabetes tipo 1), ou as células do corpo se tornam resistentes à ação da insulina, não deixando a glicose entrar mesmo que a insulina esteja presente (como acontece inicialmente no diabetes tipo 2).  
 
Quando o açúcar fica "sobrando" no sangue por muito tempo, ele pode começar a causar danos em várias partes do corpo. 

 

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Hiperglicemia e hipoglicemia: diferenças e relação 

É importante não confundir hiperglicemia com hipoglicemia. Enquanto a hiperglicemia indica altos níveis de glicose no sangue, a hipoglicemia é o oposto – ocorre quando há uma queda excessiva de glicose. 
 
Geralmente, a hiperglicemia se desenvolve mais lentamente (horas ou dias, a menos que seja muito alta) e seus sintomas iniciais podem ser sutis. O grande perigo da hiperglicemia persistente são as complicações a longo prazo, como problemas nos rins, olhos, nervos, coração. 

Já a hipoglicemia costuma ter início rápido (minutos) e causa sintomas agudos bem perceptíveis, como tremores, suor frio, palpitações, fome intensa, confusão mental e, em casos graves, convulsões ou perda de consciência. Precisa ser tratada imediatamente com a ingestão de açúcar. 

Quais são as causas da hiperglicemia?

A causa mais comum da hiperglicemia é o diabetes, especialmente o diabetes tipo 2. Quando o corpo não consegue utilizar a insulina de forma adequada – ou não produz insulina suficiente – os níveis de glicose no sangue sobem, levando à hiperglicemia. No entanto, outras condições e hábitos também podem contribuir para o quadro, como: 
 

  • Dietas ricas em açúcares simples e carboidratos refinados podem elevar os níveis de glicose no sangue, principalmente em pessoas predispostas. 
      

  •  Sedentarismo, que reduz a eficiência do corpo em utilizar a glicose, aumentando o risco de hiperglicemia. 
      

  • Doenças do Pâncreas: pancreatite (inflamação do pâncreas), câncer de pâncreas ou cirurgias no órgão podem afetar a produção de insulina. 
      

  • Doenças Hormonais podem desregular a glicose, como a Síndrome de Cushing (excesso de cortisol) ou a Acromegalia (excesso de hormônio do crescimento). 
     

  • Medicamentos como os corticoides (usados para inflamações e doenças autoimunes) podem aumentar os níveis de glicose. 

Há ainda situações que podem elevar a glicose temporariamente, como estresse crónico, infecções graves, cirurgias, traumas ou algumas doenças agudas. E, durante a gravidez, algumas mulheres também pode desenvolver hiperglicemia, que quando persistente e conforme alguns criadores, é denominada diabetes gestacional. O quadro desaparece após o parto, mas aumenta o risco de desenvolverem diabetes tipo 2 mais tarde.

Hiperglicemia: sintomas e sinais de alerta

Muitas vezes, a hiperglicemia leve ou moderada não causa sintomas, e a pessoa só descobre em exames de rotina. Mas, quando os níveis de açúcar sobem mais ou permanecem altos por mais tempo, alguns sinais podem aparecer. Os mais comuns são: 

  • Muita sede (polidipsia): o corpo tenta diluir o excesso de açúcar no sangue, puxando água das células, o que causa desidratação e sede intensa. 

  • Vontade frequente de urinar (poliúria): os rins tentam eliminar o excesso de glicose pela urina, e para isso precisam "puxar" mais água junto, aumentando o volume e a frequência urinária, especialmente à noite. 

  • Fome aumentada (polifagia): mesmo com muito açúcar no sangue, ele não consegue entrar nas células para gerar energia. E o corpo interpreta isso como falta de combustível e sinaliza fome. 

  • Cansaço e fadiga: a falta de energia dentro das células leva a uma sensação de cansaço inexplicável. 

  • Visão embaçada: o excesso de açúcar pode afetar o cristalino (a lente do olho), alterando temporariamente a visão. 

 
Se a hiperglicemia persistir ou ficar ainda mais alta, outros sintomas podem surgir: 

  • Perda de peso inexplicada (mais comum no Diabetes tipo 1): o corpo começa a usar gorduras e músculos como fonte de energia. 

  • Demora na cicatrização de feridas. 

  • Infecções frequentes (como infecções urinárias, candidíase, infecções de pele). 

  • Boca seca. 

  • Pele seca e coceira. 

 
Já níveis muito elevados de glicose podem levar a condições graves como a Cetoacidose Diabética (CAD, mais comum no Tipo 1) ou o Estado Hiperosmolar Hiperglicêmico (EHH, mais comum no Tipo 2). Então, procure ajuda médica imediatamente se surgirem: 

  • Hálito com cheiro de fruta (cetônico). 

  • Náuseas e vômitos. 

  • Dor abdominal. 

  • Respiração rápida e profunda. 

  • Confusão mental, sonolência excessiva. 

  • Desidratação severa. 

  • Perda de consciência. 

Como diagnosticar a hiperglicemia: exames e avaliações

 O diagnóstico da hiperglicemia e, consequentemente, do diabetes ou pré-diabetes, é feito através de exames de sangue que medem os níveis de glicose. E os principais são:  

  • Glicemia de jejum: mede o nível de açúcar presente no sangue após 8 horas de jejum.  

  • Glicemia casual (ou aleatória): mede a glicose a qualquer hora do dia, independentemente de quando você comeu. 

  • Hemoglobina Glicada (HbA1c): mostra a média dos níveis de glicose nos últimos 2 a 3 meses. 

  • Teste oral de tolerância à glicose: avalia como o corpo lida com a ingestão de açúcar, ajudando a identificar problemas na regulação da glicemia. 

Além dos exames, o médico sempre levará em conta seus sintomas, seu histórico de saúde, histórico familiar e fatores de risco (como obesidade, sedentarismo, pressão alta, colesterol alterado). 

Tratamentos para hiperglicemia: como controlar os níveis de glicose 

O controle da hiperglicemia passa por uma combinação de mudanças no estilo de vida, tratamento medicamentoso e acompanhamento regular com o médico. Conheça a seguir as principais abordagens: 

  • Alimentação saudável: controlar a quantidade e o tipo de carboidratos, preferindo os integrais e ricos em fibras, evitando açúcares simples e gorduras saturadas. O acompanhamento com nutricionista é muito recomendado. 

  • Atividade física regular: exercícios ajudam o corpo a usar melhor a insulina e a controlar os níveis de glicose. Recomenda-se pelo menos 150 minutos de atividade aeróbica moderada por semana (como caminhada rápida), combinada com exercícios de força. Mas converse com seu médico antes de iniciar. 

  • Controle de Peso: perder peso, mesmo que seja uma quantidade modesta (5-10% do peso corporal), pode melhorar muito a sensibilidade à insulina e o controle da glicemia, especialmente no diabetes tipo 2. 

  • Medicação: em muitos casos, medicamentos como a metformina são prescritos para ajudar a reduzir os níveis de açúcar no sangue. Mas atenção: a escolha depende do caso e é feita pelo médico. 

 
Lembrando que no caso de diabetes (especialmente a tipo 1), o tratamento passa necessariamente pela administração de insulina e monitoramento constante de glicose no sangue. 
 
Se a hiperglicemia for causada por outra condição (doença hormonal, medicamento), tratar essa condição ou ajustar a medicação (sempre com orientação médica) é parte do controle. 

Qual médico procurar para avaliar a hiperglicemia?

O profissional mais indicado para avaliar e tratar a hiperglicemia é o endocrinologista. Esse especialista pode interpretar os resultados dos exames e orientar o paciente sobre as melhores estratégias de controle da glicemia. Além disso, o endocrinologista pode ajudar a ajustar a medicação e recomendar mudanças no estilo de vida e o nutricionista deve orientar sobre a alimentação mais adequada. 
 
Se você notar sinais de hiperglicemia, como sede excessiva, cansaço ou alterações na visão, é importante buscar uma avaliação médica o quanto antes. Um diagnóstico precoce pode fazer toda a diferença no controle da condição e na prevenção de complicações a longo prazo.

 

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Fonte: Dra. Mariana Munhoz - Endocrinologista