Refluxo gastroesofágico pode ser aliviado com mudança de hábitos; saiba mais

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A sensação de queimação e azia no estômago é a principal queixa de quem sofre com o refluxo gastroesofágico, um problema considerado comum e que pode acometer até 40% da população adulta em alguma fase da vida, de acordo com a Sociedade Brasileira de Endoscopia e Endoscopia Digestiva (SBEED). 

O problema ocorre quando o conteúdo do estômago reflui para o esôfago, machucando a mucosa e provocando desconforto. Continue a leitura para entender as causas da condição, tratamentos e formas de prevenção.  

 

Refluxo gastroesofágico: o que é? 

Popularmente chamado apenas de “refluxo”, o refluxo gastroesofágico é caracterizado pela regurgitação (ou retorno) do conteúdo do estômago para o esôfago. Como esse conteúdo é ácido, esse problema provoca sensação de queimação, dor no estômago e até problemas mais sérios, como engasgos.   

 

Principais causas para o refluxo gastroesofágico 

O refluxo gastroesofágico é um problema relativamente comum e que pode surgir de forma esporádica e temporária ao longo da vida de muitas pessoas. Dentre as causas, a obesidade e o sobrepeso estão entre as mais importantes.  

Isso porque estima-se que um paciente obeso tenha até 50% mais risco de apresentar refluxo do que uma pessoa com peso ideal, graças aos maus hábitos alimentares e à falta de exercício físico. Mas não é só isso: quanto mais obeso o paciente for, ou quanto maior for o volume abdominal dele, maior a pressão interna dentro do abdômen, forçando assim o esfíncter esofágico (a válvula que separa o estômago do esôfago). Isso faz com que o conteúdo do estômago reflua para o esôfago.  

A mesma lógica pode ser aplicada para as grávidas, que costumam relatar muitos episódios de azia e refluxo. A causa é a mesma: com o aumento do volume abdominal – e, consequentemente, da pressão local – a válvula perde sua eficácia total.  

Em pacientes sem condições prévias, uma causa comum para o refluxo gastroesofágico é realizar uma refeição muito volumosa – e, para piorar, deitar-se logo depois de comer. Isso aumenta a sensação de “comida na garganta” e atrapalha a digestão, o que pode causar ou piorar o retorno do conteúdo do estômago para o esôfago.  

Entre idosos e pacientes com hérnia de hiato, que também têm o funcionamento do esfíncter esofágico prejudicado, também se pode ter o chamado refluxo gastroesofágico. Nesta última situação, há uma causa biológica e não comportamental por trás do problema. Nesses casos, é importante realizar acompanhamento médico para garantir mais qualidade de vida. 

 

É possível prevenir o refluxo gastroesofágico? 

Sim, é possível prevenir o refluxo, especialmente se ele não tiver causas patológicas e sim comportamentais, ou seja, que podem ser modificados com a mudança de hábitos diários.  

Perder peso é uma medida preventiva importante, especialmente para pessoas obesas ou com sobrepeso. Estima-se que perder cerca de 5% do peso corporal já pode melhorar os sintomas e a inflamação causados pelo refluxo.  

Nesse sentido, manter uma alimentação saudável, com frutas, verduras, legumes e fibras, pode ajudar além da perda de peso. É que o excesso de gordura presente em frituras e fast-foods retarda a digestão e aumenta a produção de ácido do estômago, aumentando o risco para episódios de refluxo. Alimentos como chocolate, refrigerantes, café e bebidas alcoólicas também aumentam a acidez estomacal e devem ser evitados.  

Comer de forma lenta, mastigar bem os alimentos, se alimentar a cada duas ou três horas em pequenas porções e não fazer refeições volumosas, além de não se deitar após comer, também são medidas ligadas à alimentação que têm efeito positivo em quem sofre com azia e queimação.  

Por fim, parar de fumar também é um importante fator de prevenção para o refluxo gastroesofágico. Isso porque o cigarro reduz o tônus muscular do esfíncter esofágico, reduzindo sua eficácia e permitindo que o conteúdo do estômago vaze para fora. 

 

Sintomas do refluxo gastroesofágico 

A sensação de queimação (chamada de dispepsia) na boca do estômago e que pode chegar à garganta é o sintoma mais comum do refluxo gastroesofágico. Além dele, outros sinais bastante relatados são: 

  • Dor no peito ou torácica intensa (o que pode levar a confundir a condição com angina e infarto); 
  • Tosse seca e persistente; 
  • Rouquidão; 
  • Vômitos intensos.

A depender da causa do refluxo, é possível que alguns pacientes apresentem também engasgos frequentes. O retorno do conteúdo do estômago também pode levar a quadros de repetição de doenças pulmonares, como pneumonias, bronquites e asma.

Em outros casos, o conteúdo do estômago que retorna para o esôfago pode chegar até a faringe e a laringe (ou seja, na garganta), sendo chamado de refluxo laringofaríngeo o que pode levar a quadros de sinusite de repetição.

 

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Qual médico procurar? 

Se você está com sintomas de refluxo gastroesofágico, é recomendado procurar o médico gastroenterologista. Esse profissional é especializado em cuidar do aparelho digestivo e poderá realizar o diagnóstico e orientar o melhor tratamento para o problema.

 

Exames indicados para o diagnóstico do refluxo gastroesofágico 

Em muitas situações, o diagnóstico do refluxo gastroesofágico pode ser clínico, não havendo a necessidade de realização de exames complementares. Mas, no caso de necessidade de investigação completa do refluxo, podem ser solicitados: 

  • Endoscopia: exame de imagem que permite avaliar, diagnosticar e tratar problemas do trato gastrointestinal. É realizado por meio do endoscópio, um tubo flexível com uma pequena luz e uma câmera na extremidade para captação de imagens visualizadas em tempo real por meio de um monitor. 

  • Raio-X contrastado: chamado REED, tem como objetivo avaliar a forma e a função das estruturas do sistema digestivo (esôfago, estômago e duodeno) 

  • PHmetria: exame que serve para avaliar a acidez do esôfago e é realizado por meio de uma sonda inserida no nariz até o esôfago. 

 

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Formas de tratamento para o refluxo gastroesofágico 

O tratamento inicial do refluxo gastroesofágico é clínico, ou seja, o paciente é orientado a usar medicamentos específicos para diminuir a produção de ácido pelo estômago e favorecer o esvaziamento gástrico mais rápido, melhorando a inflamação das mucosas do estômago (gastrite) e do esôfago (esofagite).  

Além disso, o paciente também deve promover a mudança de hábitos, como investir em uma alimentação mais saudável e natural e evitar comidas que favorecem ou agravam o quadro, perder peso e praticar atividade física. O paciente também deve esperar três horas para se deitar após comer e usar travesseiros anti-refluxo, para manter a cabeça elevada na cama.  

Se, mesmo assim, o problema persistir, é importante voltar ao consultório para realizar uma investigação mais profunda. Isso porque a repetição do refluxo causa esofagite grave, o que pode levar a alteração das células da mucosa e aumentar o risco para o desenvolvimento de tumores malignos.   
 
Quando o refluxo é considerado patológico e não responde bem ao tratamento medicamentoso, a cirurgia pode ser recomendada para corrigir o problema.  

Feita por laparoscopia, ela geralmente é indicada para pacientes com casos de hérnia de hiato (e precisam corrigir) ou ainda que precisem de uma válvula anti-refluxo para evitar o vazamento do conteúdo do estômago.

 

 

Autora: Dra. Vanessa Prado - médica especialista em cirurgia do aparelho digestivo.