Dra. Marcelly Quirino
A ansiedade é uma condição que afeta diversas pessoas em todo o mundo. É comum se sentir ansioso em situações do dia a dia, como uma viagem com amigos, um compromisso importante ou uma entrevista de emprego, por exemplo. Porém, quando essa ansiedade se torna um sentimento exagerado e fora do considerado normal, pode desencadear vários sintomas que comprometem a qualidade de vida do paciente.
Ansiedade, medo e estresse: como diferenciar?
O medo é um estado emocional que surge como resposta a um estímulo externo verdadeiro ou imaginário. É um sentimento natural do ser humano em todos os momentos da vida.
Sentir medo é resposta as sensações de perigo, limitação e insegurança.
Ansiedade é um sentimento que mistura insegurança, incerteza, sensação de pressão, medo e preocupação do futuro. A condição está altamente ligada a dificuldade de lidar com o que está acontecendo naquele momento e de projetar suas consequências ou resultados no futuro.
A ansiedade nem sempre é ruim. A ansiedade também pode ser um fator positivo, quando motiva a ação, realização e desenvolvimento. Isso ocorre em diversas situações do dia a dia, como um encontro romântico ou uma viagem, por exemplo.
Já o estresse, sentimento de pressão e opressão, pode passar por fases de alerta, resistência e exaustão, que configuram o grau e riscos de saúde relacionados ao estresse.
O medo, a ansiedade e o estresse fazem parte do nosso dia a dia. Em grande parte, são sentimentos e sensações transitórios, temporários e normais.
Em situações especiais, como a pandemia, pudemos vivenciar todos esses sentimentos de maneira simultânea e se fez necessário o aprendizado de mecanismos de controle e alerta.
Quando percebemos que esses sentimentos estão frequentes, exagerados ou desproporcionais ao estímulo precisamos ficar atentos e buscar orientações profissionais.
Causas: o que pode desencadear ansiedade?
Para cada indivíduo a ansiedade pode ser desencadeada de uma maneira diferente. Isso dependerá de fatores sociais, ambientais e de personalidade. A forma como essa pessoa foi criada, relações sociais que construiu e as suas experiências de vida sao determinantes para a definição do “como” a pessoa lida com os estimulos e situações.
As causas da ansiedade podem ser diversas, sendo associadas a questão comportamental, genética, traumas, vivências e experiências, situações de exposição social intensa ou constrangedora, vergonha, frustrações, medo do futuro, dificuldade em lidar com o agora e pensar muito no futuro.
Quando proporcional ao estimulo, a ansiedade pode ser um sentimento bom, gerando estímulos e motivação e fazendo com que o indivíduo mantenha a alta performance na situação que está vivendo. A definição de proporcional, ou seja, adequada, é muito individual, e cabe a cada indivíduo identificar a sensação que o motiva e a que faz sofrer.
Outro fator importante é a faixa etária. Os temores de uma criança, por mais simples que pareçam, precisam ser observados e avaliados com atenção. O adulto, em virtude da maturidade e da melhor compreensão do mundo, tem a oportunidade de racionalizar e enfrentar os temores de forma mais pró-ativa. Isso não significa que o adulto esteja livre do risco de reagir de forma desproporcional, ou seja, inadequada, a qualquer motivo a que esteja exposto. Portanto, precisamos estar atentos as nossas reações.
Quais tipos de ansiedade existem?
A ansiedade, como vimos anteriormente, pode ser uma reação normal. Em alguns casos, pode gerar sintomas físicos, outros ter apenas sintomas psicológicos. Existem muitos tipos de medos (fobias) também, que podem ser incluídos nesse tópico
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Transtorno de ansiedade decorrente de eventos como um divórcio, demissão, doença ou falecimento de entes - muitas vezes associado a sintomas depressivos
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TAG (transtorno de ansiedade generalizada) - geralmente com manifestações físicas associadas, muito frequentes e prolongadas.
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Transtorno do pânico - crise de ansiedade repentina e intensa com forte sensação de medo e vulnerabilidade
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Agorafobia: medo/ansiedade de espaços abertos. A pessoa não se sente segura em lugares abertos.
Diferenciar o tipo de ansiedade é importante para definir o melhor tratamento.
Transtorno de ansiedade generalizada (TAG): o que é?
Alguns indivíduos são acometidos por ansiedade e medo de forma desproporcional e anormal. Chamamos esses casos de transtorno de ansiedade generalizada (TAG). Esses sentimentos interferem nas atividades cotidianas e reduzem a qualidade de vida dos pacientes.
Sintomas de TAG
Os principais sintomas que caracterizam o TAG são:
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Cansaço e exaustão física
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Inquietação;
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Fadiga;
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Dificuldade para se concentrar;
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Sensação de esquecimento;
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Disfunção gastrointestinal;
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Irritabilidade frequente;
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Dificuldade para dormir;
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Disfunção sexual;
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Suor excessivo.
É possível curar do transtorno de ansiedade sem remédio?
O tratamento do TAG é individualizado. Como tem um grande impacto na qualidade de vida das pessoas, a avaliação medica deve ocorrer o quanto antes para a definição do melhor tratamento a ser feito. Além de medicamentos, um importante aliado no tratamento é a psicoterapia, que inclui o ensinamento de técnicas respiratórias, autoconhecimento, compreensão de gatilhos e análise de pensamentos.
Quais as causas do transtorno de ansiedade?
Inúmeras causas estão atreladas ao TAG, como fatores genéticos, hereditários, ambientais e comportamentais. É necessário realizar uma análise para compreender qual fator responsável pela causa.
Como saber se tenho transtorno de ansiedade social?
O transtorno de ansiedade social está dentro dos transtornos de ansiedade e é caracterizado pelo medo acentuado e persistente de situações sociais ou de desempenho em tarefas frente as quais os indivíduos sentem vergonha e temor de exposição.
Isso pode desencadear sentimentos de se sentir julgado, ridicularizado ou incompreendido.
Alguns dos medos mais comuns incluem:
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Fala besteiras ou falar errado
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Ser observado pelas outras pessoas
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Interação com pessoas estranhas ou do sexo oposto
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Ser o centro das atenções
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Comer, beber ou escrever em público
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Falar ao telefone
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Usar banheiros públicos.
Estes são comportamentos que trazem a sensação de desconforto. Quando isso não pode ser evitado, o indivíduo experimenta o sentimento de grande ansiedade acompanhado de palpitações, tremores, sudorese, desconforto gastrointestinal, tensão muscular e face tensa.
Esse transtorno traz um prejuízo relacionado a vida cotidiana, dificultando que a pessoa se relacione, comprometendo a qualidade de vida.
Caso o paciente se identifique com esses padrões de comportamento é importante que busque auxílio médico para diagnóstico e tratamento.
Como é feito o diagnóstico de ansiedade generalizada?
A preocupação excessiva e persistente é uma característica do TAG. Essas preocupações são geralmente acompanhadas de alguns sintomas, como: taquicardia, sudorese, insônia, fadiga, dificuldade em relaxar, dores musculares.
É muito comum que o paciente procure um clínico geral ou um cardiologista para fazer um check up, uma vez que ele não identifica esses sintomas psicológicos, apenas os físicos.
Após a avaliação desse profissional, as questões clínicas são excluídas e esse médico poderá sugerir uma avaliação da saúde psicológica, com o psiquiatra, para um diagnóstico mais assertivo e para o tratamento adequado.
Como tratar ansiedade? Quanto tempo demora?
Como dito anteriormente, existem diversos transtornos de ansiedade. É importante diferenciar quais são os tipos de transtorno para traçar estratégias de tratamento eficazes para o paciente.
O tratamento pode ser realizado com fármacos (medicamentos), psicoterapia, mudança de hábitos de vida como a prática de atividade física, ou uma combinação dessas estratégias.
O tipo e tempo de tratamento variam para cada indivíduo em sua particularidade.
Além disso, é importante que a rede de apoio, família e amigos, estejam envolvidos no processo de tratamento para uma maior eficácia e efetividade do tratamento desse paciente.