SOP: entenda tudo sobre o desequilíbrio hormonal

SOP

 

A SOP, ou Síndrome do Ovário Policístico, é um distúrbio que leva o corpo das mulheres a produzir uma quantidade maior de hormônios masculinos, conhecidos como androgênios.

Essa alteração hormonal bagunça o ciclo menstrual e pode causar a formação de pequenos cistos nos ovários. Mas esses cistos não fecham o diagnóstico da SOP. Ela é uma condição complexa com uma série de manifestações.  

O que é SOP (Síndrome de Ovário Policístico)? 

A SOP é um distúrbio hormonal que acontece em mulheres durante a idade reprodutiva. Nele, há um desequilíbrio na produção de hormônios, principalmente o aumento de androgênios (hormônios masculinos). E esse desajuste interfere diretamente na ovulação, podendo torná-la irregular ou ausente. 

O distúrbio recebe esse nome por causa da aparência que os ovários podem adquirir. Em muitos casos, eles aumentam de tamanho e desenvolvem vários pequenos cistos na parte externa. Esses cistos são, na verdade, folículos que não se desenvolveram direito para liberar um óvulo. 

Mas nem toda mulher com SOP tem ovários com essa aparência. O diagnóstico é complexo e se baseia em um conjunto de critérios estabelecidos internacionalmente. 

Para ser diagnosticada com SOP, a mulher precisa apresentar pelo menos dois de três sinais: menstruação irregular ou ausente, sinais de excesso de hormônios masculinos ou a presença de ovários policísticos vista em exames de imagem. 

 

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O que causa SOP? 

Os estudos apontam para uma origem multifatorial, ou seja, que se dá pela combinação de fatores genéticos e ambientais. 

É comum que mulheres com SOP tenham mães ou irmãs com a mesma condição, o que sugere uma predisposição familiar. Se há casos na família, a chance de desenvolver a síndrome é maior. 

Além da genética, um dos mecanismos centrais da SOP é a resistência à insulina, hormônio que ajuda o corpo a usar o açúcar como energia. Quando as células não respondem bem a ela, o pâncreas produz ainda mais insulina para compensar. E esse excesso, chamado de hiperinsulinemia, estimula os ovários a produzirem mais androgênios. 

Quais os principais sintomas de SOP? 

Os sintomas mais comuns da SOP estão ligados à irregularidade do ciclo menstrual e aos efeitos do excesso de hormônios masculinos. E isso inclui a menstruação que atrasa muito ou nem acontece, o surgimento de acne e o aumento de pelos no rosto, seios e abdômen. 

Essas manifestações podem variar muito de uma mulher para outra, tanto em tipo quanto em intensidade. E outros sintomas podem surgir: 

  • Pele oleosa; 

  • Queda de cabelo, especialmente no topo da cabeça; 

  • Ganho de peso ou dificuldade para emagrecer, com acúmulo de gordura na região abdominal; 

  • Aparecimento de manchas escuras e aveludadas na pele, principalmente em áreas de dobras como pescoço e axilas (um sinal chamado acantose nigricans, ligado à resistência à insulina); 

  • Dificuldade para engravidar, devido à falta de ovulação. 

Diagnóstico: quais exames são solicitados para SOP? 

O diagnóstico da SOP combina a análise dos sintomas, exames de sangue e um exame de imagem. Em geral, depois da avaliação clínica, são solicitados exames de sangue. 

Eles servem para checar a quantidade de hormônios masculinos (como a testosterona) e de outros hormônios ligados ao ciclo menstrual. E também para descartar outras condições com sintomas parecidos. Por isso, o médico pode pedir, por exemplo, a dosagem do TSH, que avalia a tireoide. 

A ultrassonografia pélvica também costuma ser solicitada. Este exame de imagem permite visibilizar os ovários, verificar seu tamanho e identificar a presença e a quantidade de pequenos cistos.  

O exame pode ser feito pela via abdominal ou transvaginal para obter imagens mais detalhadas dos órgãos pélvicos. 

A SOP causa complicações? 

Sim, a SOP pode levar a diversas complicações de saúde se não for acompanhada e tratada. Tanto o desequilíbrio hormonal quanto a resistência à insulina em si aumentam o risco de problemas que vão além do sistema reprodutivo. 

A dificuldade para engravidar, ou infertilidade, é uma das consequências. E ela acontece porque a ovulação se torna irregular ou simplesmente não acontece.  
 
Além disso, a SOP eleva significativamente o risco de desenvolvimento de problemas metabólicos. Entre as principais complicações associadas ao quadro, estão: 

Diabetes tipo 2 

A resistência à insulina força o pâncreas a trabalhar mais, o que pode levar ao esgotamento e ao desenvolvimento da doença. O exame de hemoglobina glicada é importante para monitorar os níveis de açúcar no sangue. 

Doenças cardiovasculares 

Mulheres com SOP têm maior propensão a ter pressão alta, colesterol elevado e obesidade, fatores que aumentam o risco de problemas no coração. 

Câncer de endométrio 

Como a ovulação não acontece todo mês, o endométrio (camada que reveste o útero) não descama regularmente pela menstruação. E isso pode aumentar o risco de desenvolver a doença. 

Existem tratamentos para SOP? 

A SOP não tem cura, mas o tratamento é capaz de controlar os sintomas e reduzir o risco de complicações. A principal abordagem adotada pelos médicos é a mudança no estilo de vida. 

E isso significa investir em uma alimentação saudável e na prática regular de atividades físicas. A perda de peso, mesmo que pequena, já pode ajudar a regular o ciclo menstrual, melhorar a ação da insulina e diminuir os níveis de hormônios masculinos.  

Quando apenas as mudanças de hábitos não são suficientes, o médico pode indicar o uso de medicamentos. Entre eles, temos: 

  • Pílulas anticoncepcionais: elas controlam os níveis hormonais e são usadas para regularizar a menstruação, reduzir a acne e o excesso de pelos. 

  • Metformina: ele melhora a resposta do corpo à insulina e pode ajudar na regulação do ciclo menstrual e na perda de peso.

  • Medicamentos que estimulam a ovulação, para mulheres que desejam engravidar.

 

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Fonte: Dra. Adriana Bittencourt Campaner  - Ginecologista