
Com causas diversas, como refluxo, infecções e reações alérgicas, a esofagite pode provocar sintomas que afetam a vida de quem sofre com a condição. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são essenciais para evitar complicações mais graves. Continue a leitura e saiba mais sobre os tipos de esofagite, seus fatores de risco, sintomas e formas de prevenção.
Esofagite: o que é?
A esofagite é uma inflamação que atinge o revestimento do esôfago, o canal responsável por transportar os alimentos da garganta até o estômago. Essa condição pode causar desconfortos significativos, como sensação de queimação no peito (azia), dor na garganta, dificuldade para engolir e até sintomas mais intensos.
Embora compartilhe sintomas parecidos com o refluxo gastroesofágico, a esofagite é uma inflamação do esôfago, enquanto o refluxo ocorre devido a um mau funcionamento do esfíncter esofágico, a válvula que impede o retorno do conteúdo do estômago para o esôfago.
Tipos de esofagite
Existem diferentes tipos de esofagite, que variam de acordo com suas causas e características. A seguir, confira os principais tipos.
Esofagite erosiva
A esofagite erosiva é uma das formas mais comuns de inflamação do esôfago e ocorre quando o ácido do estômago agride o revestimento esofágico, provocando lesões ou úlceras, o que explica sua denominação. Essa condição está frequentemente ligada ao refluxo gastroesofágico. Vale destacar que o refluxo também pode atingir regiões mais altas, como a laringe e a faringe, causando o refluxo laringofaríngeo.
Se não tratada, a doença pode aumentar o risco de complicações, como o estreitamento do esôfago, que pode dificultar ainda mais a passagem dos alimentos.
Esofagite eosinofílica
Trata-se de uma inflamação persistente do esôfago que ocorre, na maioria, devido a reações alérgicas. Essa condição é caracterizada pelo acúmulo anormal de eosinófilos, um tipo de glóbulo branco que, em situações normais, atua no combate a infecções, mas que, neste caso, se acumula no tecido esofágico, causando inflamação.
Essa forma de esofagite está frequentemente relacionada a alergias alimentares e pode atingir pessoas de todas as idades, desde crianças até adultos.
Esofagite infecciosa
Ocorre em pessoas com sistema imunológico enfraquecido e é causado por infecções fúngicas, virais ou bacterianas.
Esofagite medicamentosa
A esofagite medicamentosa é uma inflamação no esôfago causada pelo contato direto de certos medicamentos com a mucosa esofágica. Esse problema geralmente ocorre quando o remédio é ingerido com pouca ou nenhuma água, fazendo com que ele permaneça no esôfago por mais tempo e provoque irritação ou lesões no local.
Fatores de risco
Diversos fatores podem aumentar o risco de desenvolver esofagite. Entre eles estão a obesidade e múltiplas gestações, devido ao aumento da pressão abdominal. Além disso, condições de saúde específicas, como doenças autoimunes (exemplo: esclerodermia) e esofagite eosinofílica, também podem desencadear o problema. A ingestão acidental ou proposital de produtos químicos cáusticos e episódios frequentes de vômitos — comuns em distúrbios como a bulimia — agravam o risco.
Hábitos prejudiciais, como o consumo excessivo de álcool e cigarro, e uma dieta inadequada, também contribuem para o surgimento da inflamação. Outros fatores incluem cirurgias ou tratamentos de radiação na região do tórax e pescoço, além do uso prolongado de medicamentos, como corticoides e anti-inflamatórios.
Por fim, indivíduos com o sistema imunológico comprometido estão mais suscetíveis ao desenvolvimento de esofagite.
Formas de prevenir a esofagite
Adotar hábitos saudáveis é essencial para prevenir a esofagite e manter a saúde do sistema digestivo em dia. Alguns exemplos incluem:
-
Mastigue os alimentos com calma: a mastigação adequada facilita a digestão e melhora o aproveitamento dos nutrientes.
-
Evite deitar-se logo após comer: procure realizar suas refeições pelo menos duas ou três horas antes de dormir, evitando problemas como refluxo noturno.
-
Modere a temperatura das refeições: alimentos e bebidas extremamente quentes podem causar irritação no revestimento do esôfago.
-
Evite, reduza ou elimine: cigarros, café e refrigerantes, pois eles aumentam o risco de refluxo e outros problemas digestivos.
Sintomas da esofagite
Os sintomas da esofagite podem se manifestar de diferentes formas, sendo os mais comuns a dificuldade e dor ao engolir, além da sensação de queimação no peito, conhecida como azia.
Também é frequente a regurgitação de alimentos ou líquidos, dores no tórax, náuseas, vômitos e tosse persistente. Esses sinais variam de intensidade e podem impactar significativamente a qualidade de vida do paciente.
Vale destacar que outros distúrbios digestivos, como a dispepsia, também podem gerar sintomas semelhantes, mas são condições distintas. A esofagite causa dor ao engolir e queimação no peito, enquanto a dispepsia está associada a desconforto abdominal e sensação de estômago cheio ou inchaço.
Quando procurar um médico?
Caso apresente sintomas que possam indicar uma esofagite, é fundamental buscar a orientação de um médico gastroenterologista. Esse especialista poderá avaliar os sinais clínicos, realizar um exame físico detalhado e, se necessário, solicitar exames complementares para confirmar o diagnóstico e identificar a causa do problema.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico da esofagite é realizado por meio de um conjunto de exames, sendo a endoscopia o principal procedimento. Nele, um tubo fino equipado com uma câmera é introduzido pela boca para examinar o esôfago e outras partes do trato digestivo superior.
Durante a endoscopia, pode ser feita uma biópsia, que consiste na coleta de uma pequena amostra de tecido para análise detalhada.
Além disso, o teste de pH esofágico pode ser utilizado para medir os níveis de acidez no esôfago, ajudando a identificar a presença excessiva de ácido na região.
Tratamentos para a esofagite
O tratamento da esofagite depende da causa e da gravidade do problema. O uso de medicamentos, como inibidores da bomba de prótons (IBPs), antagonistas H2 e antiácidos, é comum para reduzir a acidez estomacal, sempre com orientação médica para evitar a automedicação.
Já quando a inflamação é provocada por infecções, antibióticos ou antifúngicos podem ser indicados para combater bactérias ou fungos, respectivamente.
Além disso, mudanças na dieta são essenciais, especialmente em casos de esofagite eosinofílica, onde é recomendado evitar alimentos que agravam os sintomas, como leite, trigo, ovos, soja, nozes e frutos do mar, que são os alérgenos mais comuns.
Por fim, vale destacar que o tratamento da esofagite pode variar conforme a causa. Em casos de disfunção do esfínter ou hérnia hiatal, por exemplo, o tratamento é cirúrgico.
Fonte: Dra. Vanessa Prado - Coloproctologista e cirurgiã do aparelho digestivo